A criação da anestesia foi um marco da saúde e, desde então, melhorias contínuas garantem a segurança do paciente
A anestesia revolucionou a medicina moderna e, com o passar dos anos e dos investimentos em segurança do paciente, melhorou consideravelmente ao ponto da taxa de mortalidade relacionada a procedimentos anestésicos ter caído de 1 em mil administrações na década de 1940 para 1 em dez mil na década de 1980. Entre os avanços, melhorias nos padrões de monitoramento e inserções tecnológicas que contribuíram com a redução dos riscos intraoperatórios.
De acordo com artigo publicado no JAMA Network por pesquisadores do Departamento de Anestesiologia e Medicina Perioperatória da Universidade da Califórnia (EUA) sobre todos os avanços da anestesiologia ao longo do século, esse monitoramento, inclusive, foi ampliado para um formato multidisciplinar que acompanha o paciente desde meses antes das cirurgias eletivas até meses depois do procedimento finalizado, o que tende a diminuir o tempo de internação, o uso de medicamentos como opioides e a necessidade da UTI.
Pensando em tecnologia, vale destacar que esse monitoramento passou a ser menos invasivo e mais funcional hoje, inclusive, aderindo à inteligência artificial. Há tempos os anestesiologistas passaram a utilizar, por exemplo, ultrassom como ecocardiografia transeofágica dentro da sala de cirurgia e, também, para realização de bloqueios nervosos periféricos. Tanto que, na última década, aparelhos de ultrassom vêm sendo utilizados por esses especialistas para diagnóstico de complicações perioperatórias agudas, a exemplo de pneumotórax, hipovolemia, tamponamento e para avaliação do volume gástrico a fim de reduzir risco de aspiração.
Comunicação é pilar fundamental para segurança em anestesia
Outro ponto que recebeu melhorias dentro dos processos operatórios e contribuiu com a queda da mortalidade atrelada à anestesia foi a comunicação entre as equipes multidisciplinares. Essa comunicação — que muito ganhou com o advento da digitalização — ajuda na construção de melhores caminhos para o atendimento e, como consequência, garante maior segurança aos pacientes.
É com base na comunicação que ocorre o gerenciamento de crise antes, durante e após a cirurgia. Isso sem falar no desenvolvimento de manuais de emergência que listam as etapas críticas e como agir em situações de alta complexidade, e na criação de checklists e listas de verificação padronizadas que contribuem com a troca de informações sobre o estado dos pacientes durante a transição de cuidados.
Porém, para que a comunicação seja fluida, é preciso ser simples de ser entendida e replicada. Inclusive para a incorporação de protocolos de recuperação aprimorada que orientam desde o jejum pré-operatório até o controle da dor pós-operatória e, assim, auxiliam na morbidade, mortalidade, tempo de internação e utilização de medicamentos opioides tanto durante a permanência hospitalar quanto depois da alta.
Próximos passos
A busca por melhorias é contínua quando se trata da saúde. Portanto, ainda há possibilidades para otimizar ainda mais o procedimento anestésico, reduzindo os riscos e melhorando a segurança dos pacientes. Entre as áreas que merecem atenção, segundo o estudo, estão a avaliação de risco somada à otimização do estado funcional desse paciente, ao gerenciamento intraoperatório e pós-operatório e à reabilitação domiciliar para que ele retome sua saúde funcional, cognitiva e psicológica.
Há, também, de se ligar o alerta para a incorporação da inteligência artificial tanto durante a avaliação de risco quanto na elaboração de planos para pacientes de alta complexidade, no uso de sistemas automatizados para a administração dos anestésicos e para o melhor uso da telemedicina e do monitoramento remoto.
Referência
(1) Progress in Patient Safety in Anesthesia
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