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Segurança dos viajantes precisa ser discutida em época de epidemia

Segurança dos viajantes precisa ser discutida em época de epidemia
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Em tempos de epidemias, como a do Zika Vírus, não é hora de alarmes, mas de preocupação, de ação

Por Sylvia Lemos Hinrichsen*

 Dia a dia observam-se pessoas em movimentos. Sejam eles para trabalho, lazer, missões, saúde, esportes, entre outros.

Em questão de horas, uma pessoa cruza continentes. E, com estes deslocamentos, aumentam-se os riscos de adoecimentos segundo a geografia das doenças.

Em viagens, é muito importante estar bem de saúde: antes, durante e após. E, por isto, é crescente o número de instituições de saúde, hospitais e clínicas que atendem viajantes. E, ao se atender as pessoas em viagens, são fundamentais serviços de saúde com processos sistematizados, focados na segurança do paciente, assim como facilidades de comunicação, por conta das diferenças culturais e ou de línguas.

O Brasil, mais uma vez, terá uma experiência com evento de massa, internacional, após, o último em 2014 (Copa do Mundo). Entre 5 a 21 de agosto, a cidade do Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos Rio 2016, considerado como um dos maiores eventos esportivos do planeta, com cerca de 10.500 atletas de 205 países. Um evento, que não só estará na cidade do Rio de Janeiro, mas, em todo o País e no seu redor.

Mas, a chegada dos jogos, é num momento em que o Brasil está , junto da Organização Mundial de Saúde (OMS), em alerta contra um surto de Zika vírus, que irá precisar da colaboração de todos para que se possa vencer o seu maior inimigo, que é o mosquito Aedes aegypt, que também causa a Dengue, Febre de Chikungunya, e Febre Amarela.

Em relação às medidas de combate ao mosquito Aedes aegypt, todos sabem como este funciona e como se pode reduzir a sua população, assim como diagnosticar clinicamente as doenças por ele causadas, e no caso da Síndrome da Zika Vírus, as medidas para proteger mulheres gestantes.

Mas, como pode a sociedade, no Brasil, e, no mundo para combater um problema de saúde, antigo, causado por um mosquito, o Aedes aegypt, que veem dia a dia sendo bastante prevalente nas instituições de saúde em todo o País?

Engajamento da população
Não tem sido fácil ter esta resposta. Mas, sabe-se, dia a dia, que será necessário na luta contra o mosquito, o principal ator do surto que vem sendo vivenciado no Brasil, e em alguns países das Américas, e quem sabe do mundo, que todos, estejam engajados participando de ações que possam determinar se a população do mosquito vai ou não aumentar, como também se haverá ou não medidas efetivas de proteção para ele.

A guerra ao mosquito, não cabe só ao Governo, que poderá dizer o que fazer. Mas, também é uma responsabilidade da comunidade, de toda a sociedade, que terá que fazer parte da solução de um problema, crônico e de difícil erradicação. Todos precisarão aprender a lidar com o mosquito, o grande inimigo, e para isto, deverão estar unidos e com o mesmo objetivo, que é o de eliminar de uma vez este vetor de doenças que não só maltratam as pessoas, mas, também deixa imensuráveis possíveis sequelas, que poderão afetar uma geração de recém-nascidos, como tem sido relacionadas ao Zika Vírus.

Estratégia
Sabe-se, que além do mosquito, o Brasil, enfrenta problemas econômicos, sociais, educacionais, de saúde e políticos. Mas, num momento de surto de doenças transmissíveis e com gravidades, é hora de se pensar em estratégias de se ter maturidade e serenidade. Afinal, se existem possibilidades de que o Zika Vírus acometa mulheres grávidas e seus recém-nascidos, o problema é bem maior do que se pensava ser. E, aí, todos, sem distinção, deverão buscar o fim das doenças, no caso, do mosquito.

No surto atual de Zika Vírus, a sua propagação foi muito acelerada, desde que foram registrados os casos em maio de 2015. Desde lá, existem campanhas, e que no caso da Zika, por ser uma doença leve, que pode ser assintomática, diferente da dengue, fica difícil o seu controle.

Mas, com o surgimento do aumento de casos de microcefalia, no Nordeste do Brasil, em particular, no estado de Pernambuco, que foi relacionada ao Zika vírus, houve uma maior mobilização, face às graves seqüelas encontradas nas crianças de mães que durante a sua gravidez, tiveram e ou nem souberam ter tido uma doença virial, causada pelo Aedes aegypti.

Por isso, houve uma mobilização dos profissionais de saúde, envolvidos com casos de crianças recém-nascidas, com microcefalia. E, então, várias pesquisas foram iniciadas, na busca de diagnósticos. Logo, foi feita uma consulta e parceria com o CDC(Centers for Disease Control), a OMS mobilizou-se para ajudar, lançando um apelo global para estabelecer uma estratégia no mapeamento do problema e na busca de soluções no que for necessário para melhor se saber como lidar com a doença e, assim ver aonde se poderá atuar da melhor maneira possível. Também existe a busca de determinados avanços tecnológicos para diagnósticos, tratamentos, vacinas e, maior eficiência no combate ao mosquito.

Hoje, é crescente o medo e o temor de se engravidar em tempos de Zika vírus. Ainda não se tem todas as respostas e certezas sobre a associação entre o vírus e a microcefalia. Parece existir um risco desta associação, embora ainda não cientificamente totalmente conhecido.

Assim, se uma mulher achar que esteve exposta ao mosquito, deverá de imediato buscar uma instituição de saúde/hospital/clínica, para que um médico avalie o seu estado clínico e possíveis riscos decorrentes a uma provável doença por Zika vírus.

Será também necessário que sejam adotadas medidas de proteção contra o mosquito, lembrando que apesar de existir referências, ainda não se tem uma prova definitiva que existe associação entre microcefalia e Zika. Assim, a grávida, não deve tomar medidas que possam, mais adiante, trazer outras conseqüências. Nesta hora é preciso, se ter calma, bom acompanhamento de saúde, além de seguir protocolos diagnósticos para realmente saber o que decidir e fazer.

No momento, é preciso que todos os especialistas do mundo se engajem nesta guerra, científica, em busca de respostas a uma série de perguntas que não foram totalmente elucidadas, especialmente em relação ao Zika e sua possível associação à microcefalia, entre outras.

Não é hora para medos, pânicos, pois estes só poderão piorar o que já não está indo bem. O tempo, não é de alarmes, mas de preocupação, de ação, que pode ser iniciada com a melhoria da informação sobre as formas preventivas dos riscos relacionados ao mosquito e suas doenças, em especial, à Zika. É hora de monitorar, coletar dados, para que suas análises possam trazer ao Brasil e ao mundo, as respostas ainda não obtidas, para que num futuro próximo possam estar disponíveis e contribuir para a existência de métodos diagnósticos fáceis, rápidos e seguros, assim como de uma possível vacina.

Caberá também, às instituições de saúde/hospitais/clínicas, buscar não só melhorar a segurança dos pacientes, mas, também o de inspecionar e monitorar as suas estruturas físicas e os seus potenciais riscos para o aumento da densidade de mosquitos.

*A Dra. Sylvia Lemos Hinrichsen (MD/PhD) é médica infectologista especializada em biossegurança e controle de Infecções-Risco Sanitário Hospitalar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

 

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