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Segurança do Paciente

Em caso de dúvida, não administre o medicamento

Em caso de dúvida, não administre o medicamento
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Ler sobre o medicamento antes de prescrever, liberar ou administrar o fármaco é uma das tarefas mais simples para o profissional de saúde executar. E ajuda a promover uma assistência segura relacionada aos medicamentos, reduzindo a ocorrência de eventos adversos

Por Maria de Jesus Castro Harada*

IBSP: Segurança do Paciente - Em caso de dúvida, não administre o medicamento
Maria Harada

A questão da assistência segura relacionada aos medicamentos tem sido um assunto central na temática de segurança do paciente, tendo em vista o elevado potencial de risco, a frequência, a gravidade e a recorrência de danos ao paciente. Destaca-se, ainda, que grande parte dos processos assistenciais envolve o uso de medicamentos.

Administração segura de medicamentos depende dos 9 certos

Os Incidentes Relacionados a Medicamentos (IRM) estão entre os mais comuns nos serviços de saúde. Estes podem acarretar prejuízos ao paciente e aos familiares nos aspectos da saúde física, mental e social; comprometer a imagem e a confiabilidade da instituição; e, ainda, implicar os profissionais em processos e ações éticas, morais e legais. Quando o IRM gera dano ao paciente é denominado de evento adverso.

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O erro de medicação pode resultar em:
Evento adverso: incidente que causou dano ao paciente;
Near miss: aquele incidente que quase causou dano ao paciente.

Para tornar o uso de medicamentos mais seguro para o paciente, é importante identificar os fatores de risco que contribuem para os incidentes, relacionados ao:

PACIENTE
Certos pacientes são, particularmente, vulneráveis a erros de medicamentos. Incluem-se nesses casos pacientes com:

  • Condições específicas, por exemplo, grávidas, disfunções renais, etc.;
  • Uso de muitos medicamentos, particularmente se forem prescritos por mais de um profissional de saúde;
  • Vários problemas de saúde;
  • Problemas de memória, por exemplo, Alzheimer;
  • Incapazes de se comunicar bem, incluindo pacientes inconscientes, bebês e crianças jovens; e ainda aqueles que não falam a mesma língua dos profissionais;
  • Crianças e bebês. Especialmente os neonatos são mais expostos a erros de medicação, devido à necessidade de cálculo das doses de drogas requeridas em seus tratamentos.

PROFISSIONAL
O profissional de saúde de enfermagem, técnico ou graduado, também está sujeito a cometer erros por alguns fatores. São eles:

  • Inexperiência profissional;
  • Pressa, como em situações de emergência;
  • Realização de multitarefas;
  • Interrupções;
  • Fadiga;
  • Tédio;
  • Ausência de supervisão;
  • Falta de hábito de realização de dupla checagem ou checagem por diferentes pessoas, de acordo com as recomendações do serviço;
  • Trabalho em equipe ineficaz;
  • Falha de comunicação entre os profissionais;
  • Relutância em usar memória auxiliar como bulas, protocolos, livros, artigos, ou outras fontes de informação.

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AMBIENTE DE TRABALHO
Ausência da cultura de segurança também pode ser causador dos erros de medicamento, como:

  • Dificuldade ao acesso de informações para os profissionais de saúde;
  • Dificuldade ou impossibilidade de acesso ao diagnóstico médico dos pacientes pela equipe de farmácia;
  • Funcionários trabalhando em locais inapropriados.

MEDICAMENTO
Alguns medicamentos podem ser facilmente confundidos, devido:

  • À ambiguidade quanto ao nome, rótulo, embalagem, cor e forma;
  • Às letras muito pequenas nas etiquetas ou rótulos dificultam a leitura.

OUTROS FATORES TÉCNICOS
Além de fatores ligados ao paciente, ao profissional de saúde e ao próprio medicamento, há riscos associados às questões técnicas, como:

  • A identificação incorreta de acessos intravenosos, intratecal e nasoenteral é fator de risco para a administração de uma droga pela via errada;
  • Falhas de comunicação;
  • Ausência ou pouco engajamento no trabalho em equipe;
  • Ausência ou pouco envolvimento do paciente-família.

Pontos relevantes para o uso seguro de medicamentos
1. Conhecer os nomes genéricos e comerciais dos medicamentos
Os pacientes devem ser encorajados a manter com eles uma lista com o nome de seus medicamentos, incluindo tanto o comercial quanto o genérico.

2. Conhecer as propriedades dos medicamentos
Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPP) “são aqueles que apresentam risco aumentado de provocar danos significativos aos pacientes em decorrência de falha no processo de utilização. São também denominados medicamentos de alto risco ou medicamentos de alta vigilância (ISMP)”. Estar familiarizado com a farmacologia, indicações, contraindicações, efeitos colaterais, precauções especiais, dosagens dos medicamentos é sempre bom para evitar eventos adversos.

E atenção: em caso de dúvida não hesite em procurar ajuda, leia sobre o medicamento antes de prescrever, liberar ou administrar o fármaco.

3. Usar auxiliares de memória, como livros, guias, bulas, software (apoio/decisão), etc.
Com o rápido aumento do número de itens disponíveis e a crescente complexidade da prescrição, não é seguro confiar na memória. Esta diretriz deve ser encarada como um marcador da prática segura, em vez de um sinal de que seu conhecimento é inadequado.

4. Capacitação e habilidades
O desenvolvimento de habilidades e a capacitação em segurança do paciente são fundamentais para reduzir a ocorrência de incidentes nos serviços de saúde e devem ser vistos como parte essencial na formação dos profissionais. Recomenda-se, portanto, que a educação em segurança do paciente seja ampliada, com vistas a formar uma geração de profissionais de saúde capazes de prover um cuidado mais seguro ao paciente.

* Maria de Jesus Castro Harada é enfermeira e membro do Grupo Técnico de Segurança do Paciente do Coren-SP e da REBRAENSP – Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente.

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