Com atuação no Nordeste do Brasil, enfermeira brasileira especializada em qualidade acredita que o caminho da segurança do paciente é engajamento em todos os níveis hierárquicos – dos colaboradores táticos à diretoria
A Segurança do Paciente é um tema relativamente recente no Brasil. Em 2013, foi instituído no País o Programa Nacional de Segurança do Paciente e, neste momento, houve o reforço da importância da inclusão do tema ao ensino. “Se fizermos uma busca rápida na literatura sobre o tema, perceberemos que a maior parte das publicações referentes à enfermagem se encontra na região Sudeste do Brasil, assim como grande parte dos cursos e eventos relacionados ao tema”, diz Beatriz A. Seignemartin da Silveira, enfermeira da Qualidade do Hospital Vida, em Maceió, Alagoas.
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A seguir, a enfermeira analisa como está desenhada a realidade local de qualidade e segurança do paciente, pontuando dificuldades e desafios.
IBSP – Como você enxerga o cenário da segurança do paciente atualmente no Nordeste no Brasil?
Beatriz A. Seignemartin da Silveira – Especificamente no estado de Alagoas, enxergo pouca oferta de cursos de capacitação e atualização sobre a Segurança do Paciente, e isto é refletido no conhecimento deficiente dos profissionais. Participei recentemente de um processo seletivo para enfermeiros no hospital, e a quantidade de profissionais, até mesmo os que eram professores no ensino superior, que desconheciam o tema foi preocupante.
IBSP – Quais os principais desafios de implementar as políticas de segurança em um hospital privado relativamente novo, como o Hospital Vida?
Beatriz – O Hospital Vida é uma instituição privada de médio porte (65 leitos) que iniciou suas atividades em novembro de 2012. O setor da qualidade e segurança do paciente efetivado em julho de 2016. Devido ao fato de ser recém-formado, ainda há muitas barreiras na adesão das novas práticas propostas. Para alguns profissionais, a mudança de processos é encarada como negativa e vista como geradora de “maior trabalho”. É preciso nos reunir com estes colaboradores e explicar detalhadamente que a ação gerará melhoria tanto para a segurança do paciente quanto a do profissional. Ainda sobre a adesão, considero como essencial o envolvimento dos líderes e diretoria para a efetividade da medida proposta.
IBSP – Qual a receptividade por parte dos colaboradores do Hospital Vida diante da implantação da cultura da qualidade e segurança do paciente?
Beatriz – Ainda temos alguns problemas na adesão às políticas de segurança. No mês de novembro de 2016, foi implantado o Núcleo de Segurança do Paciente composto por equipe multiprofissional. Acredito que esta ação foi imprescindível para maior receptividade dos profissionais, pois são agentes multiplicadores do que se é discutido nas reuniões. Além disso, percebo também a cultura punitiva muito presente nos colaboradores, principalmente nos assistenciais. A punição inibe o compartilhamento de incidentes e, com isso, não conseguimos propor ações de melhorias e efetivar, de fato, a cultura da segurança.
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IBSP – Qual a importância de ter uma área dedicada à qualidade? Quais as principais atribuições atuais de vocês e quais os desafios?
Beatriz – O setor da qualidade permite e promove um ambiente mais seguro tanto para os pacientes quanto aos colaboradores, participa ativamente na padronização de procedimentos, técnicas e equipamentos, além de propiciar a gestão de recursos baseada nos indicadores da instituição. Atualmente, estamos trabalhando com as Metas Internacionais de Segurança do Paciente, mais especificamente com a identificação segura. O protocolo institucional foi divulgado aos colaboradores e, no momento, estamos monitorando os indicadores referentes a esse processo para acompanhar a evolução deste passo. Anteriormente, realizamos a implantação do protocolo de prevenção de lesões por pressão e continuamos com as auditorias internas e o acompanhamento dos indicadores assistenciais.
IBSP – O que tem dado certo em termos de segurança do paciente no Hospital Vida?
Beatriz – O envolvimento da equipe do NSP tem sido muito positivo. Juntamente ao apoio da administração hospitalar temos conseguido resultados positivos quanto à inserção da cultura da qualidade. O caminho ainda é longo, mas ter a aprovação dos líderes da instituição é essencial para que a caminhada seja bem sucedida.
Veja como foi o II Simpósio IBSP & ONA:
https://www.youtube.com/watch?v=5Y9-s__bddo
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