Confira os destaques do mapa assistencial através da publicação da ANS que informa número de procedimentos realizados pelos planos. Número alto de tomografias e ressonâncias magnéticas pode sugerir a possibilidade de que muitas solicitações podem estar sendo feitas indevidamente
Os médicos de planos de saúde brasileiros já pedem mais exames de tomografia e ressonância do que profissionais de países desenvolvidos, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) disponibilizados na 5ª edição do Mapa Assistencial. A publicação traz a quantidade de internações, consultas, terapias e exames realizados pelos planos de saúde de assistência médico-hospitalar e odontológica no País e os custos assistenciais relativos a esses procedimentos. Nesta edição, os indicadores de saúde tradicionalmente já analisados na publicação apresentam uma breve análise temporal, cobrindo os anos de 2014 até 2016. “A ideia é fornecer informações que permitam análises comparativas com base em indicadores selecionados sobre: internação hospitalar, consultas médicas, exames de ressonância magnética e de tomografia computadorizada e cirurgias bariátricas por beneficiário e proporção de partos cesáreos”, informa a ANS.
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Em 2016, foram realizados 272,9 milhões de consultas médicas e 141,1 milhões de atendimentos ambulatoriais, números que mostram relativa estabilidade em relação aos anos anteriores (comparativo com 2014 e 2015). Deve-se levar em conta que este dado pode ser afetado pelo número de vidas com cobertura pelos planos e perfil de pacientes com cobertura.
Exames complementares
Também foram realizados 796,7 milhões de exames complementares – o que representou um aumento de 12% em relação a 2014 – e 69,9 milhões de terapias e procedimentos que registraram um incremento de 28% no período. Entre os exames mais realizados, os destaques foram tomografia computadorizada (aumento de 21%) e ressonância magnética (aumento de 25,2%).
A tomografia computadorizada e a ressonância magnética são usadas como referência pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para avaliar o acesso aos recursos de saúde na área de tecnologia médica. Nessas 35 nações – incluindo das mais desenvolvidas mundialmente (Alemanha, França e Estados Unidos, a média anual de ressonâncias é de 52 por 1 mil habitantes, no sistema suplementar brasileiro o índice foi de 149 por 1 mil beneficiários em 2016, segundo o mais recente Mapa Assistencial da Saúde Suplementar da ANS. A média de tomografias realizadas também é superior nos planos de saúde do Brasil em 2016 em comparação com países ricos: 120 exames por 1 mil habitantes nas nações da OCDE ante 149 por 1 mil beneficiários dos convênios médicos brasileiros.
Internações e cirurgias
O Mapa Assistencial traz ainda o número de internações. Em 2016, foram 7,8 milhões de procedimentos, um aumento de 6% em relação a 2014. Nesse item, chama a atenção o crescimento de 20% no número de cirurgias bariátricas por mil beneficiários realizadas nos dois últimos anos. Já a proporção de partos cesáreos em relação ao total de partos teve leve queda, passando de 85,6% em 2014 para 84,1% em 2016. Porém isso ainda demonstra “overuse” de cesáreas na saúde suplementar, uma vez que este índice está bem acima do considerado adequado pela OMS.
Com aproximadamente 1,5 milhão de internações informadas entre 2014 e 2016, estão as doenças do aparelho respiratório. Também com cerca de 1,4 milhão de internações registradas pelo SIP, estão as doenças do aparelho cardiovascular.
O elevado número de cirurgias bariátricas realizadas no setor de saúde suplementar associado com aspectos relacionados ao aumento do excesso de peso e da obesidade identificados por meio da pesquisa VIGITEL levou a ANS a desenvolver o Projeto de Enfrentamento da Obesidade na Saúde Suplementar, junto com representantes da sociedade.
A 5ª edição do Mapa Assistencial também mostra dados de planos odontológicos, que mostraram evolução nos últimos três anos. Tomando como base as informações prestadas pelas operadoras desse tipo de plano, foram realizados 176,9 milhões de procedimentos realizados em 2016. Desse montante, 67,9 milhões foram procedimentos preventivos.
Promoção da saúde focada na prevenção
“A publicação desse levantamento é de fundamental importância para a saúde suplementar, uma vez que permite uma análise mais aprofundada dos indicadores de desempenho do setor, sendo objeto de estudo para os interessados no assunto e servindo de base para o desenvolvimento das políticas de saúde e de regulação do setor”, afirma Karla Santa Cruz Coelho, diretora de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS. De acordo com Karla, os dados revelados sobre o aumento das cirurgias bariátricas são um exemplo da necessidade e importância da implementação de ações para o enfrentamento do excesso de peso e da obesidade entre os beneficiários de planos de saúde e o estímulo à adoção de um modo de vida saudável, com a inclusão de práticas constantes de atividades físicas e alimentação equilibrada.
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“A ANS tem incentivado a adoção, pelas operadoras, de programas de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças (Promoprev) voltados para diminuir o excesso de peso e obesidade entre os beneficiários. Recentemente, foi criado o grupo multidisciplinar para condução do Projeto de Enfrentamento da Obesidade na Saúde Suplementar, que planeja reunir diretrizes que apontem para a integração entre procedimentos de prevenção e cuidado do excesso de peso e da obesidade, compondo uma diretriz única, adequada ao contexto da saúde suplementar”, explica a diretora.
Os dados contidos no Mapa Assistencial da Saúde Suplementar têm como principal fonte informações fornecidas pelas operadoras de planos de saúde ao Sistema de Informações de Produtos (SIP), por meio do qual as operadoras enviam dados agregados de eventos em saúde. Atualmente, o SIP é uma das fontes de dados para o acompanhamento e avaliação da ANS em relação ao setor.
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