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Segurança na hospitalização – Nos EUA, quase 25% dos pacientes internados sofrem ao menos um evento adverso

Segurança na hospitalização – Nos EUA, quase 25% dos pacientes internados sofrem ao menos um evento adverso
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De todos os eventos adversos identificados em estudo, 22,7% foram considerados evitáveis

Cerca de três décadas após a divulgação dos resultados do Harvard Medical Practice Study I, que estimou a incidência de eventos adversos no ambiente hospitalar, o cenário segue complexo. Estudo de coorte retrospectivo (1) publicado pelo New England Journal of Medicine agora em 2023, e realizado em 11 hospitais de Massachusetts (EUA), analisou 2.809 internações ocorridas em 2018. O objetivo era avaliar a frequência, a evitabilidade e a gravidade do dano a pacientes hospitalizados.

Entre os resultados, o fato de ainda ocorrerem muitos eventos adversos acontecendo ao longo das hospitalizações preocupa. De acordo com o estudo, quase 25% dos pacientes experimentaram ao menos um evento adverso durante a internação. Com isso, conclui-se que a temática da segurança do paciente está avançando, mas ainda carece de muito investimento em todas as pontas da complexa cadeia de saúde.

Outro ponto que precisa ser enfatizado é que de todos os eventos adversos identificados pelos pesquisadores no período, 22,7% foram considerados evitáveis. Uma das sete mortes que foi encontrada na análise, inclusive, também foi considerada evitável. A despeito da evitabilidade julgada pela equipe técnica do estudo não parecer alta, sem dúvidas estamos falando de muitas oportunidades para evitar eventos adversos e suas consequências que foram perdidas.

Outro achado do estudo extremamente relevante: 32,3% dos eventos adversos avaliados foram graves, ou seja, causaram danos com necessidade de intervenções substanciais ou ampliação do tempo de recuperação do paciente.

O estudo também revisou a proporção de eventos adversos por tipo:

  • 39% de todos os eventos adversos estavam relacionados a medicamentos
  • 30,4% de todos os eventos adversos estavam relacionados a cirurgias ou outros procedimentos
  • 15% de todos os eventos adversos estavam relacionados ao atendimento ao paciente (como quedas e lesões por pressão, por exemplo)
  • 11,9% de todos os eventos adversos envolviam infecções relacionadas à assistência à saúde

Diante desses números, o Global Patient Safety Action Plan 2021 – 2030 (2) ganha ainda mais relevância. O documento, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estrutura as ações de segurança do paciente para que todos os países possam investir em projetos sólidos que garantam a integridade da população sob cuidados de saúde. A publicação da OMS traz sete objetivos estratégicos que envolvem todos os membros da assistência (inclusive pacientes e familiares) para o mundo eliminar os danos evitáveis e garantir um atendimento de saúde cada vez mais seguro.

“Este tipo de estudo, principalmente sendo feito em cenários mais recentes, demonstram como ainda precisamos avançar na questão da segurança do paciente”, afirma Lucas Zambon, diretor científico do IBSP. “Transformar a realidade da qualidade e segurança não pode ser uma moda que já passou, ou que, ainda, já saturamos nossos esforços. Precisamos continuar investindo na educação profissional e na mudança de nossa forma de trabalhar, bem como no envolvimento do paciente para atingir um patamar verdadeiramente seguro nos cuidados em saúde”, complementa o médico.

Referências:

(1) The Safety of Inpatient Health Care

(2) Plano de Ação Global para Segurança do Paciente 2021 – 2030

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