Infusion Nurses Society lança nona edição do Guia de Padrões de Prática da Terapia Infusional; documento traz detalhes sobre como garantir a qualidade e segurança do procedimento
A terapia infusional, procedimento extremamente comum e realizado cotidianamente em diversos serviços de saúde no Brasil, consiste na administração de medicamentos ou fluídos para exames diagnósticos em vias de acesso como a endovenosa e subcutânea.
Devido à natureza invasiva e de alto risco tanto para os pacientes quanto para os profissionais, é necessário garantir que as equipes estejam bem preparadas e os pacientes educados e conscientes.
Pensando nisso, a INS (Infusion Nurses Society) acaba de publicar a nona edição do Guia Padrões de Práticas da Terapia Infusional, documento que promove a consistência no atendimento ao paciente e orienta a tomada de decisões tanto dos profissionais quanto dos gestores dos serviços de saúde.
Antes de dissecar o material, é importante lembrar que cada profissional deve se manter atuando apenas dentro das práticas clínicas a ele autorizadas, o que é particular a cada nação.
No Brasil, por exemplo, o CorenSP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) publicou, em meados de 2023, o Parecer 007, que trata da atuação da equipe de enfermagem na terapia intravenosa.
A publicação do Conselho reforça que, no Brasil, o enfermeiro participa dos processos de terapia intravenosa por ter habilidades técnicas e conhecimentos científicos para a pronta tomada de decisão e que cabe, a esse profissional, a gestão do cuidado envolvendo a avaliação clínica para escolha do dispositivo e da tecnologia a serem utilizados, bem como do local para a punção, a forma de administração do fármaco e o monitoramento do paciente.
Já o técnico e o auxiliar de enfermagem são os responsáveis pela permeabilização e a administração dos medicamentos.
Recomendações práticas para a terapia infusional
A comunicação e o alinhamento das equipes multidisciplinares é fundamental para a promoção de terapias infusionais com qualidade e segurança. O documento da INS traz luz à necessidade de as equipes definirem exatamente qual o papel de cada membro a fim de evitar colisões e retrabalho.
Além disso, reforça que o aprendizado e a capacitação devem ser tarefas contínuas, propostas pelos gestores dos serviços de saúde e com boa adesão dos profissionais. Esses treinamentos devem priorizar metodologias com simulações e análises de casos reais. Essa colaboração interprofissional é essencial, na visão dos especialistas responsáveis pela elaboração do documento.
Para a constituição de um fluxo de trabalho otimizado e eficiente, as equipes precisam de bons líderes e a contratação de especialistas também tende a ser estratégia positiva para melhorar os resultados tanto dos pacientes quanto das organizações.
Fora isso, a adoção de ferramentas como a FMEA para análises importantes de modo de falha e efeito, bem como a adoção de tecnologias para a tomada de decisão e a incorporação do conceito de saúde baseada em valor — que mede as competências pelo desempenho e não pelo tempo ou número de procedimentos — também são ações recomendadas pela INS.
Saindo dos conceitos aplicáveis aos profissionais e aos serviços, o material detalha a relação da educação do paciente com a segurança, garantindo que um paciente com familiares e cuidadores conscientes e informados pode ajudar na tomada de decisão compartilhada, o que é positivo.
Portanto, o time de especialistas sugere que as unidades de saúde invistam no desenvolvimento de programas de conscientização com metas específicas, alcançáveis e mensuráveis, e que reconheçam os diferentes perfis dos pacientes atendidos. Além disso, reforça que todos devem sempre respeitar a decisão do paciente, que tem poder para aceitar ou recusar qualquer modalidade de tratamento.
Prática baseada em evidências e melhoria da qualidade
A utilização de evidências científicas de alta qualidade é fundamental para que as equipes possam prestar a melhor assistência à diversificada gama de pacientes que precisam de terapiais infusionais. Essas evidências, que devem sempre ser observadas e compartilhadas com as equipes pelas lideranças, promovem a cultura científica e fomentam a capacidade de os profissionais de saúde participarem da avaliação crítica e da interpretação de cada caso.
Além de consumir estudos científicos publicados nas mais renomadas revistas do setor, é interessante que os times participem ativamente de atividades de pesquisa em terapia de infusão, seja pela redação de artigos para publicações e portais, seja pelo envolvimento direto em projetos acadêmicos.
Para os programas de melhoria da qualidade, é preciso focar na cultura justa e na responsabilidade individual, envolvendo toda a equipe multidisciplinar para desenvolver vigilância consistente, análise e notificação de indicadores de qualidade dos pacientes e de eventos adversos, e comparação entre índices internos e externos.
Aqui, metodologias como o PDSA e novamente a FMEA, podem ser úteis para a orientação das potenciais melhorias e a contratação de auditorias e aplicação de feedback em tempo real também podem ser interessantes.
Terapia infusional em populações especiais
O documento traz detalhes sobre como as equipes de saúde devem se comportar diante de pacientes pediátricos, gestantes e idosos. As recomendações enfatizam que as particularidades desses casos devem ser sempre observadas.
É preciso, por exemplo, reconhecer que pacientes prematuros têm vulnerabilidades da pele que carecem de escolhas mais assertivas dos dispositivos para evitar complicações. O mesmo ocorre com os idosos, que podem apresentar perda de espessura da camada dérmica da pele, espessamento da túnica íntima e média e perda de tecido conjuntivo, o que contribui para a fragilidade dos vasos sanguíneos.
Todas as características fisiológicas dessas populações devem ser criteriosamente observadas. Uma gestante precisa de cuidado com dosagem de medicamentos e limitações de volume, bem como análises de risco de resultados adversos durante o trabalho de parto para a melhor escolha do tipo de cateter que deverá ser utilizado durante a terapia infusional. Isso porque há um risco aumentado, por exemplo, de trombose nessa fase da vida.
Outro ponto destacado pelo documento diz respeito à percepção do paciente quanto ao procedimento. As equipes de saúde precisam se atentar que tanto crianças quanto idosos podem ter dificuldades de expressar dores ou desconfortos, bem como de relatar sintomas de reações adversas aos medicamentos. E esse deve ser um quadro previamente observado para a prevenção de danos.
Referência
(1) Infusion Therapy Standards of Practice, 9th Edition
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 10