Com diversos avanços tecnológicos, a terapia nutricional impacta diretamente a recuperação de pacientes e tem papel extremamente relevante principalmente nos casos em que há complicações decorrentes da própria condição clínica ou mesmo relacionadas a causas desconhecidas, situação que leva ao retardo na oferta proteico-calórica. É um cenário que extrapola o ambiente hospitalar, visto que terapias nutricionais também são administradas em outros ambientes de saúde como, por exemplo, casas de repouso e em pacientes em home care.
Segundo preconizado em publicação (1) da Associação Médica Brasileira (AMB) junto com o Conselho Federal de Medicina (CFM), todos os pacientes em terapia nutricional devem ser monitorizados rotineiramente. Além disso, a avaliação deve garantir acesso ao melhor que a terapia pode oferecer sempre com foco na recuperação clínica a custos baixos.
Considerando que a definição das terapias é particular e individualizada, a monitorização passa a ser ainda mais relevante. “É preciso controlar a infusão da dieta, sua aceitação e tolerância, e o efeito clínico da linha terapêutica definida”, comenta Claudia Satiko, enfermeira do HCor e doutora em ciências pela Escola de Enfermagem da USP.
Para esse monitoramento, além de protocolos específicos, é importante apostar em indicadores de qualidade para obtenção de dados sobre o desempenho de funções, processos e resultados da terapia nutricional. “São diversas as ferramentas possíveis e o indicador é uma delas”, pontua Claudia, que também é professora convidada dos cursos de pós-graduação da INSIRA e da Faculdade do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a especialista, esses indicadores apontarão efeitos positivos ou negativos. “Indicadores são fórmulas que aplicamos para checar se a terapia está sendo administrada de maneira correta”, completa.
Segundo publicação da AMB e do CFM, a seleção de indicadores pode seguir alguns critérios:
- Importância do que está sendo medido (impacto da doença ou risco para a saúde)
- Política institucional
- Necessidades identificadas segundo características da população
- Evidência científica (validade e confiança)
- Possibilidade de comparação com outras instituições nacionais ou internacionais
De acordo com esses critérios, o documento sugere indicadores gerais, de efetividade e de resultados.
Os indicadores gerais visam levantar dados sobre a porcentagem de avaliação nutricional nas primeiras 24h de internação, número de pacientes avaliados pelo número de internações, prevalência e número de pacientes com déficit nutricional, porcentagem e número de pacientes com jejum inadequado.
Já os indicadores de efetividade trazem definições sobre porcentagem e número de pacientes com estimativa do gasto energético e necessidades proteicas, porcentagem e número de pacientes em catabolismo proteico, número de pacientes com redução da circunferência muscular do braço maior que 20% em sete dias, porcentagem e número de pacientes com volume de nutrição parenteral infundido maior que 70% do prescrito, entre outros.
Enquanto isso, os indicadores de resultados focam em dados como incidência de diarreia, índice de infecção do cateter venoso central, incidência de perda de SNE em pacientes em terapia nutricional enteral, etc.
Todos esses indicadores trazem dados relevantes sobre a estratégia de terapia nutricional adotada, podendo levar a melhorias. “Com os indicadores em mãos conseguimos pensar em melhorias que auxiliam na garantia da segurança dos pacientes e da equipe assistencial”, relata Claudia. “Quando o indicador não está muito bom, por exemplo em situações em que a meta foi estipulada em 80% e o indicador chegou a apenas 60%, conseguimos analisar em que momento houve alguma falha ou interferência e, assim, compreender a causa do baixo desempenho”, completa.
Eventos adversos em terapia nutricional
Entre os possíveis eventos adversos associados à terapia nutricional elencados pelo documento da AMB e do CFM estão aqueles relacionados à indicação e ao tipo de terapia. Na terapia nutricional enteral o evento adverso mais grave é a aspiração do conteúdo gástrico e da dieta, o que ocorre entre 2% e 10% dos pacientes sob essa terapêutica. Já na terapia nutricional parenteral o evento adverso mais frequente é a infecção do cateter, situação que pode ser prevenida com medidas como educação e treinamento dos profissionais, uso de barreiras de proteção e higiene na instalação do cateter, antissepsia da pele, redução das trocas rotineiras do cateter e utilização de cateter de curta permanência impregnado com antibiótico e antisséptico.
Educação continuada
Abordando esse assunto, está disponível na plataforma de educação continuada do IBSP o curso autoinstrucional “Gestão da Qualidade em Terapia Nutricional”, voltado a profissionais que atuam em diversas áreas da saúde. Com quatro horas de duração, as aulas ministradas por Claudia Satiko compartilham conhecimento a respeito de possíveis eventos adversos na terapia nutricional, sobre a importância do gerenciamento de riscos, e quanto aos indicadores de qualidade capazes de auxiliar o monitoramento. Clique AQUI para acessar.
Referência:
(1) Terapia Nutricional: Indicadores de Qualidade
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