Instituições de saúde tornam pacientes atores do seu plano de cuidado e melhoram seus resultados assistenciais
“O que aprendi ao longo do meu tempo no hospital é que, enquanto eu era paciente deitado naquele leito hospitalar, não era o único que estava sofrendo naquele quarto. As observações que eu fiz ali me inspiraram verdadeiramente e ajudaram-me a entender quão importante é o papel da comunicação entre paciente, familiares e provedores de cuidados.” A reflexão foi feita pelo advogado norte-americano Brian Boyle, especializado em cuidados de saúde que, após sofrer um acidente que quase pôs fim a sua vida, decidiu relatar em um livro sua experiência como paciente durante o tempo em que esteve no hospital, tema abordado na 12ª edição da revista Acreditação em Saúde, produzida pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), associado brasileiro da Joint Commission International (JCI).
A ideia de construção de um modelo de relacionamento sustentável com os pacientes, familiares, médicos, fornecedores e demais colaboradores é o que vem norteando a decisão dos hospitais das regiões Norte e Nordeste a buscarem a acreditação. Em entrevista à revista, a diretora executiva do Hospital Santa Joana Recife, Juliana Vieira Maranhão, aponta que o principal benefício da acreditação JCI foi o desenvolvimento de uma equipe de alta competência, voltada para resultados e melhoria de processos que asseguram o padrão de qualidade alcançado pelo hospital.
Para a coordenadora de Educação do CBA, Nancy Yamauchi, a expansão da acreditação no Norte e Nordeste dá-se devido à contribuição que essa traz para a administração. “Os bons gestores de instituições de saúde já sabem o quanto custa a ‘não qualidade’ e como a imagem da instituição perante o mercado e os seus usuários são fatores imprescindíveis para a construção da confiança que tanto se deseja”, ressalta. A coordenadora ressalta ainda que a capacitação dos profissionais traz influências positivas a essas instituições prestadoras de serviço, contribuindo para que barreiras e desafios sejam vencidos.
Paula Amaral, supervisora do Núcleo da Qualidade e Segurança do Paciente do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), que contratou os serviços do CBA para a melhoria da qualidade e segurança assistencial rumo à acreditação internacional, diz que já percebe benefícios com o processo. “A acreditação surgiu como uma ferramenta de gestão que nos proporcionou implantar e melhorar processos clínicos e não clínicos, desenvolver profissionais, fazer uma mudança progressiva e planejada da cultura organizacional e trabalhar as boas práticas, garantindo a melhoria da qualidade da assistência prestada e da segurança dos clientes externos e internos”, fala.
De acordo com Maria Manuela Alves dos Santos, superintendente do CBA, “o cuidado também precisa ser colaborativo, exercendo o paciente um papel participativo”. Segundo ela, essa parceria entre o profissional de saúde e o paciente facilita a discussão sobre questões relativas ao cuidado e as decisões sobre o tratamento. “Também não se pode deixar de lado o cuidado responsivo, ou seja, a individualização do atendimento. Ele é fundamental para manter a coerência entre as necessidades do paciente, seus valores e preferências individuais”, diz.
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