Dia Mundial da Prevenção de Úlceras por Pressão 2015 – 19/11
A manutenção da integridade da pele e dos tecidos subjacentes é uma responsabilidade multiprofissional, porém a enfermagem é a grande responsável pelo processo, pois presta assistência 24h ao doente.
Recentemente, a presença das úlceras por pressão tem sido apontada como um indicador de má qualidade da assistência dos serviços de saúde, já que a maior parte delas pode ser prevenida com adoção de medidas adequadas e educação para prevenção dirigida aos profissionais de enfermagem. “O desenvolvimento de UP é um indicador de qualidade da assistência, por isso, as instituições que controlam este indicador elaboram protocolos de prevenção”, diz Fernanda Marchiori, enfermeira estomaterapeuta e líder do grupo de prevenção de úlcera por pressão do Hospital São Camilo, de São Paulo.
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A prevenção de úlcera por pressão deve ser baseada, principalmente, em quatro diretrizes: avaliação do risco, avaliação da pele e tratamento precoce, sobrecarga mecânica (mudança de decúbito), e uso de superfícies de suporte e educação para os profissionais/ família e paciente.
ESTÁGIOS DA ÚLCERA POR PRESSÃO
Estágio I | Pele intacta com hiperemia de uma área localizada que não embranquece, geralmente sobre uma proeminência óssea. |
Estágio II | Perda parcial da espessura dérmica. Apresenta-se como úlcera superficial com o leito de coloração vermelho pálida. Pode se apresentar ainda como uma bolha intacta ou aberta/ rompida. |
Estágio III | Perda de tecido em sua espessura total. A gordura subcutânea pode estar visível, sem exposição de osso, tendão ou músculo. |
Estágio IV | Perda total de tecido com exposição óssea, de músculo ou tendão. |
Não estadiável ou inclassificável | Lesão com perda total de tecido, na qual a base da úlcera está coberta por tecido necrótico, onde a profundidade real da úlcera não é visível. |
Úlcera por Pressão na mucosa | São lesões por pressão encontradas nas mucosas e estão relacionadas com o uso de dispositivos médicos hospitalares no local da ulceração. Os tecidos mucosos são altamente vulneráveis à pressão de instrumentos médicos hospitalares, como cânulas endotraqueais, cateteres de oxigênio e sondas. Visto as diferenças anatômicas e histológicas entre a pele e a mucosa, não é indicado o uso da classificação sistêmica da úlcera por pressão da pele para categorizar a úlcera por pressão da mucosa. |
Para ressaltar a importância do cuidado com as úlceras por pressão na assistência médica no Dia Mundial da Prevenção de Úlceras por Pressão, que neste ano está sendo comemorado em 19 de Novembro, o IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente conversou sobre as diretrizes e os protocolos com a enfermeira especializada em estomaterapia Fernanda Marchiori.
IBSP – Quais informações sobre prevenção de úlcera por pressão os enfermeiros precisam ter para lidar com pacientes internados em UTI?
Fernanda Marchiori – Na UTI, concentram-se os pacientes de maior criticidade, com maior risco de desenvolver úlcera por pressão. O protocolo de prevenção é global para todos os pacientes, porém alguns de UTI são instáveis à manipulação, logo a mudança de decúbito não é eficaz. Por isso, para estes pacientes realizamos a descompressão da região dos quadris com o auxilio de coxins, calcâneos elevados e utilizamos um curativo de espuma com silicone na região sacra para minimizar a fricção e cisalhamento. Atentar sempre para manter o aporte calórico adequado, pois a desnutrição é a segunda maior causa de úlcera por pressão, perdendo apenas para a mudança de decúbito.
IBSP – Quais os riscos dos pacientes internados em UTI de desenvolverem úlcera por pressão?
Fernanda Marchiori – Para avaliar o risco de o paciente desenvolver úlcera por pressão, utilizamos a Escala de Braden, em que avaliamos os seguintes itens: percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição e fricção e cisalhamento. Os pacientes de UTI, em sua maioria, estão entubados, sedados, usando drogas vasoativas. Esses fatores prejudicam a mobilidade deste pacientes. Além disso, fazem uso de múltiplas drogas, que podem levar a quadros de diarreia, o que mantem a pele úmida. Alguns também ficam em jejum, que favorecem o aparecimento de úlceras por pressão.
IBSP – Quais os principais métodos de prevenção de úlcera por pressão aplicados em pacientes críticos?
Fernanda Marchiori – Mudança de decúbito e manter aporte calórico adequado.
IBSP – Por fim, úlcera por pressão é um mal que acomete grande parte dos pacientes que ficam internados na UTI por um período longo, mas que a prevenção é simples e barata. E isso depende de toda equipe multiprofissional, que são médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. Essa luta não só da enfermagem, certo?
Fernanda Marchiori – A úlcera por pressão é um problema de saúde pública que engloba aspectos biopsicossociais do indivíduo e da família, resultando em hospitalização, institucionalização, perda da qualidade de vida e alto custo. Logo, cada membro da equipe multiprofissional tem a sua importância na prevenção, que é eficaz quando todos trabalham nesta causa.
Saiba mais:
- Veja a página da National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP)
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