Muitos vieses cognitivos também presentes na tomada de decisões clínicas geram armadilhas extremamente dolorosas; saiba reconhecer e evitar
Os cuidados no fim de vida referem-se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida. O reconhecimento desta fase pode ser difícil, mas é extremamente necessário para o planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito.
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Em entrevista exclusiva,o Dr. Paulo Fabricio Nogueira Paim, médico acupunturista e hospitalista, Diretor Clinico do Hospital da Cruz Vermelha Brasileira e Presidente da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar, aborda como lidar com pacientes em fim de vida.
IBSP – O que deve envolver os cuidados de fim de vida?
Paulo Paim – Muitos vieses cognitivos da tomada de decisões clínicas podem gerar armadilhas extremamente dolorosas para pacientes e familiares nesta etapa de finitude de vida. Hospitais que não possuem cultura de cuidados paliativos sedimentadas têm tendência a aplicar medidas distanásicas pela dificuldade de identificação e categorização destes perfis de pacientes. Muitos pacientes no crepúsculo da vida, mesmo diante de um crônico e mutilante sofrimento, recebem recursos curativos e intervenções desnecessárias, simplesmente por falta de treinamento de suas equipes assistenciais, gerando uma demanda fútil e desgastante que prolonga o sofrimento coletivo do núcleo familiar, sem resultados clínicos positivos.
IBSP – Há maneiras de identificar esse momento?
Paulo Paim – Existem instrumentos preditores probabilísticos que devem ser usados para cálculos aproximados que podem auxiliar em nossas tomadas de decisões clínicas consensualmente com os familiares. Um desses escores é o PPI (Palliative Performance Index) que, através de cinco variáveis pontuadas, consegue aproximar o prazo de sobrevida de pacientes com câncer em menor que 3 semanas, entre 3 e 6 semanas e maior que 6 semanas.
IBSP – Quais os pilares de qualidade na assistência nesses cuidados de fim de vida?
Paulo Paim – O primeiro pilar é a identificação deste perfil de pacientes e o segundo pilar é a alocação deste e de seus familiares em um programa diferenciado de assistência hospitalar voltada para a humanização de todas as ações assistenciais. Mas para que isto ocorra é imperativa a necessidade de reflexão dos profissionais assistenciais e gestores da instituição, pois devem construir juntos uma cultura de escolhas sabias, de humanismo, de transparência e de comunicação.
Mas vale ressaltar também que os Cuidados Paliativos não são exclusivos aos pacientes que têm um prognostico reservado, mas também aos pacientes que não estão em fim de vida, mas são acometidos por sintomas físicos, psíquicos, emocionais ou espirituais de difícil tratamento sem perspectiva de resolução.
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