Ultrassom e segurança em toraconcetese
Lucas Santos Zambon
Todo procedimento na área da saúde envolve risco de ocorrência de eventos adversos. Isso acontece mesmo nos mais simples, como a toracocentese, que é a punção do espaço pleural feita para investigar um derrame pleural e que também permite a drenagem do líquido.
A toracocentese é normalmente realizada à beira-leito, já que não há custo-benefício de levar o paciente ao centro cirúrgico. Porém, é comum ocorrer pneumotórax por toracocentese, uma complicação mecânica da punção. Este incidente é considerado um evento adverso, pois não é causado de forma intencional, e, portanto, é pertinente na discussão sobre segurança do paciente.
Mas que barreiras podem existir para minimizar a ocorrência de pneumotórax por toracocentese? O primeiro passo para minimizar a ocorrência deste evento é o treino do profissional que irá realizar o procedimento – sem esquecer da pessoa que o irá auxiliar. Outra medida é a padronização técnica, que inclui o uso de materiais adequados, ou seja, nada de gambiarra! Recentemente, mais uma ferramenta tem sido apontada como fundamental na prevenção deste problema, que é o uso de aparelho ultrassom para guiar a punção.
Pesquisa aponta necessidade de ultrassom
Recentemente, um grupo de médicos italianos escolheu aleatoriamente 160 pacientes para realizar toracocentese. Apenas na metade foi usado ultrassom. Nos pacientes submetidos ao procedimento com uso do ultrassom, a incidência de pneumotórax por toracocentese foi de 1,25% (1 em 80 casos), contra 12,5% sem o aparelho (10 em 80 casos; P=0,009)
Além de apontar dez vezes menos chance de ocorrer a complicação com o uso de ultrassom, o estudo mostrou ainda que o aparelho permitiu um resultado mais efetivo no procedimento: em 98,7% dos casos foi possível coletar o líquido, contra 90% dos pacientes em que o aparelho não foi utilizado.
Padrão de qualidade
Desta forma, pode-se concluir que é preciso adotar um procedimento padrão para evitar eventos adversos como o pneumotórax. Entre as medidas, estão o investimento em máquinas e treinamento de médicos que mais realizam tal procedimento, como emergencistas, intensivistas, pneumologistas e cirurgiões torácicos.
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