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Uso racional de antimicrobianos – Intervenções na atenção primária e em lares de idosos

Uso racional de antimicrobianos – Intervenções na atenção primária e em lares de idosos
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O uso indiscriminado de antibióticos vem se tornando preocupação cada vez mais latente no cenário de saúde devido ao aumento da resistência antimicrobiana, principalmente das bactérias, fazendo com que diversas infecções se tornem mais difíceis de serem tratadas.

Dentro desse contexto, dois ensaios clínicos randomizados publicados recentemente na JAMA Internal Medicine revelam importantes aspectos na busca pelo melhor gerenciamento do uso de antimicrobianos. O foco, nesse caso, é avaliar o que levou um estudo a obter resultados significativos e o outro, não.

Conduzido no Canadá, o primeiro estudo envolveu 3.500 médicos atuantes na atenção primária que foram divididos em três grupos: o primeiro grupo recebeu uma carta de recomendações sobre o início de tratamentos com antimicrobianos, o segundo grupo recebeu uma carta com recomendações sobre o tempo de duração dos tratamentos e o terceiro grupo, de controle, não recebeu nenhuma comunicação.

O objetivo era avaliar se o envio de mensagens específicas sobre o assunto para profissionais da atenção primária auxiliaria na redução de prescrições desnecessárias e de prolongamento dos tratamentos com antimicrobianos. Os resultados foram positivos, já que após 12 meses das intervenções, os grupos que receberam as cartas chegaram a uma redução relativa de 4,8% no uso total desses medicamentos, o que é significativo.

O outro estudo atuou em uma população mais específica. Realizado nos Estados Unidos, visava testar a eficácia de intervenções para melhorar o manejo de infecções respiratórias e do trato urinário em pacientes idosos com demência avançada.

Para tal, foram selecionados 28 lares de idosos totalizando 426 pacientes. Em um grupo, a intervenção envolveu médicos, assistentes e enfermeiros que participaram de seminários, cursos online e foram impactados por outros formatos de comunicação como pôsteres e folhetos, além de receberem relatórios de feedback sobre a prescrição de antimicrobianos. O outro grupo permaneceu atuando com os cuidados habituais.

Apesar da intervenção ter reduzido o uso de radiografias de tórax, o ensaio sugere que quando se trata de suspeita de infecção urinária ou respiratória nessa população de pacientes idosos e com demência avançada, a intervenção não promoveu uma redução eficaz no uso de antimicrobianos mesmo que 88% dos médicos envolvidos – uma alta taxa de adesão – tenham participado dos treinamentos.

Dessa forma, entende-se que abordagens para redução do uso de medicamentos podem não funcionar em todas as realidades e ações que trazem resultados bastante positivos em um cenário podem não gerar alterações significativas em outro, o que reforça a relevância da atuação individualizada de acordo com cada instituição, seu nicho de atuação e perfil de pacientes.

Referências:

(1) Effect of Antibiotic-Prescribing Feedback to High-Volume Primary Care Physicians on Number of Antibiotic Prescriptions

(2) The Trial to Reduce Antimicrobial Use in Nursing Home Residents With Alzheimer Disease and Other Dementias (TRAIN-AD)

 

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