O objetivo da elaboração da lista é orientar e promover a investigação e desenvolvimento de novos antibióticos para enfrentar a resistência antimicrobiana
A OMS publicou em 27 de fevereiro a sua primeira lista de “agentes patogênicos prioritários” resistentes aos antibióticos, ou seja, um catálogo de 12 famílias de bactérias que representam a maior ameaça para a saúde humana.
INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO – CONFIRA DIRETRIZES DA OMS
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A lista foi elaborada numa tentativa de orientar e promover a investigação e desenvolvimento (I&D) de novos antibióticos, como parte dos esforços da OMS para enfrentar a crescente resistência global aos medicamentos antimicrobianos.
A lista destaca, em particular, a ameaça de bactérias gram-negativas, que são resistentes a múltiplos antibióticos. Essas bactérias têm habilidades de encontrar novas maneiras de resistir ao tratamento e podem passar ao longo do material genético, permitindo que outras bactérias se tornem resistentes aos fármacos também.
“Esta lista é uma nova ferramenta para garantir que se responda às necessidades urgentes de saúde pública”, afirma Marie-Paule Kieny, Assistente Geral da Direção para Sistemas de Saúde e Inovação da OMS. “A resistência aos antibióticos está crescendo, e as opções de tratamento estão se esgotando rapidamente. Se deixarmos o mercado atuar sozinho, os novos antibióticos que precisamos com urgência não serão desenvolvidos a tempo”, completa.
Lista com três categorias
A lista da OMS é dividida em três categorias de acordo com a urgência da necessidade de novos antibióticos: prioridade crítica, alta e média.
O grupo mais crítico de todos inclui bactérias multirresistentes a drogas, ou seja, que representam uma ameaça particular em hospitais, casas de repouso e entre os pacientes cujos cuidados exigem dispositivos como ventiladores e cateteres de corrente sanguínea. Incluem Acinetobacter, Pseudomonas e várias Enterobacteriaceae (incluindo Klebsiella, E. coli, Serratia e Proteus). Eles podem causar infecções graves e muitas vezes mortais, como infecções da corrente sanguínea e pneumonia.
Essas bactérias tornaram-se resistentes a um grande número de antibióticos, incluindo carbapenêmicos e cefalosporinas de terceira geração – os melhores antibióticos disponíveis para o tratamento de bactérias multirresistentes.
As segunda e terceira séries da lista – as categorias de prioridade alta e média – contêm outras bactérias cada vez mais resistentes aos fármacos que causam doenças mais comuns, como a gonorréia e a intoxicação alimentar causada por salmonelas.
A tuberculose – cuja resistência ao tratamento tradicional vem crescendo nos últimos anos – não foi incluída na lista porque é alvo de outros programas dedicados. Outras bactérias que não foram incluídas, tais como estreptococos A e B e clamídia, têm baixos níveis de resistência aos tratamentos existentes e não representam atualmente uma ameaça significativa para a saúde pública.
A lista destina-se a incentivar os governos a implementar políticas que incentivem a ciência básica e avançada, tanto por meio de agências financiadas pelo setor público quanto pelo setor privado. Tudo em prol das novas descobertas de antibióticos.
Como foi desenvolvida a lista
A lista foi desenvolvida em colaboração com a Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade de Tübingen, na Alemanha, utilizando uma técnica de análise de decisão multicritério aprovada por um grupo de especialistas internacionais. Os critérios para a seleção de patógenos na lista foram: quão letal as infecções que causam são; se o seu tratamento requer longas estadias hospitalares; com que frequência eles são resistentes aos antibióticos existentes quando em em casos de infecções comunitárias; como eles se espalham facilmente entre os animais, dos animais aos seres humanos, e de pessoa para pessoa; se eles podem ser prevenidos (por exemplo, através de uma boa higiene e vacinação); quantas opções de tratamento ainda existem; e se novos antibióticos para tratá-los já estão no pipeline de P&D.
“Os novos antibióticos que visam esta lista de bactérias ajudarão a reduzir as mortes devido a infecções resistentes em todo o mundo”, diz a Professora Evelina Tacconelli, Chefe da Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade de Tübingen e um dos principais contribuintes para o desenvolvimento da lista. “Esperar por mais tempo causará mais problemas de saúde pública e impactará dramaticamente no atendimento ao paciente”.
Confira a lista
Prioridade 1: CRÍTICA
Acinetobacter baumannii, resistente a carbapenêmico
Pseudomonas aeruginosa, resistente a carbapenêmico
Enterobacteriaceae, resistente a carbapenêmico, produtoras de ESBL
Prioridade 2: ALTA
Enterococcus faecium, resistente à vancomicina
Staphylococcus aureus, resistente à meticilina, intermediário ou resistente à vancomicina
Helicobacter pylori, resistente à claritromicina
Campylobacter spp, resistente a fluoroquinolona
Salmonelas, resistentes à fluoroquinolona
Neisseria gonorrhoeae, resistente a cefalosporina ou fluoroquinolonas
Prioridade 3: MÉDIA
Streptococcus pneumoniae, não suscetível a penicilina
Haemophilus influenzae, resistente à ampicilina
Shigella spp., resistente a fluoroquinolona
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