A matriz da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), no Ibirapuera, em São Paulo, é a mais nova integrante brasileira no programa internacional Patient Safety Movement (PSM, sigla em inglês para Programa de Segurança do Paciente). O objetivo da adesão, anunciada publicamente nesta quarta-feira (03/10), é fortalecer a cultura de segurança na instituição, uma das referências nacionais em cirurgias ortopédicas em adultos e crianças.
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O programa é uma iniciativa da fundação Patient Safety Movement, sediada nos Estados Unidos. A organização sem fins lucrativos quer zerar as mortes evitáveis em hospitais até 2020. Para isso, oferece gratuitamente um repertório de procedimentos aplicáveis a 16 áreas de segurança do paciente. Há soluções detalhadas para criar cultura de segurança, evitar erros de medicação, reduzir infecções associadas à assistência, aprimorar a profilaxia de eventos embólicos, entre outros procedimentos com foco em problemas que ocorrem diariamente na assistência à saúde.
>> Por que a cultura justa é essencial para a prevenção de erros na saúde
As instituições que aderem ao PSM – hospitais e serviços de saúde – assumem o compromisso de melhorar uma dessas áreas. Elas devem reportar suas iniciativas e dados anualmente para o PSM, ganham o selo da parceria e desenvolvem projetos para melhorar indicadores assistenciais e clínicos. No Brasil, o IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente é um parceiro do PSM, e pode ajudar serviços de saúde a integrar o programa (saiba como). Treze soluções – chamadas de APSS, uma sigla em inglês para Soluções Acionáveis de Segurança do Paciente – já estão traduzidas para o português.
>> Disclosure precisa integrar a cultura de segurança do paciente
A AACD Ibirapuera assumiu como compromisso com o PSM reforçar a cultura de segurança na unidade, que inclui o Centro de Reabilitação Dr. Renato da Costa Bomfim, o Hospital Ortopédico da AACD, o Centro de Diagnóstico, o Centro Médico, de Terapia e a Oficina Ortopédica. A preocupação com a cultura de segurança na unidade sempre foi presente, mas ganhou novo fôlego com o início do processo de acreditação internacional Qmentum, a certificação canadense, conquistado em maio. “Desenvolver a cultura de segurança é uma jornada em que estamos há algum tempo e o PSM nos ajudará a reforçar esse foco”, afirma a ortopedista pediátrica Daniella Neves, gerente médica da AACD. O guia do PSM para desenvolver a cultura de segurança em organizações de saúde está disponível para download.
>> Pesquisa sobre clima de segurança possibilita traçar estratégias de melhoria e aprendizado
Entre as ações propostas no conjunto de soluções do PSM, a AACD estuda fortalecer os momentos de discussão sobre eventos adversos. Para isso, haverá um calendário de reuniões quinzenais, além de mudanças no formato do encontro do Núcleo de Segurança do Paciente. Em vez da participação apenas dos gestores, como acontecia antes, agora os encontros contarão com a presença também de funcionários que estão na linha de frente, como a enfermagem, e os que integram importantes áreas de apoio, como a equipe de limpeza e os técnicos da engenharia clínica.
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Atendendo a sugestões do PSM, a ACCD também revisará sua metodologia para comunicar incidentes e eventos adversos aos colaboradores, pacientes e a suas famílias. O objetivo é dar maior transparência às ocorrências, de maneira a suscitar discussões sobre melhorias que sirvam como barreiras aos erros.
>> O erro como uma oportunidade de melhoria na segurança do paciente
A AACD já conta com um sistema eletrônico de notificação de incidentes e eventos adversos, mas os gestores ainda percebem insegurança dos colaboradores para fazer relatos. Por isso, a entidade escolheu como outra ação do repertório do PSM fortalecer as estratégias de comunicação, estruturando um novo plano que enfatize campanhas sobre cultura justa, elemento-chave da cultura de segurança. “Ainda existe o receio de notificar erros”, afirma Daniella. “Precisamos mostrar que é um processo natural e que receber uma notificação não é uma ofensa”, diz Daniella. “Para nós, a cultura de segurança é colaborativa, não punitiva.”
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Outra iniciativa, esta já implementada pela AACD há um ano e meio e que tem rendido bons resultados, é a ronda de segurança da alta direção. Uma vez por mês, os superintendentes visitam um setor e acompanham as discussões sobre como melhorar a segurança na área. “Os colaboradores realmente falam sobre os problemas que percebem”, afirma Daniela. Soluções simples, mas que facilitaram o trabalho dos funcionários e melhoraram a qualidade do atendimento aos pacientes, já estão em prática. Foram corrigidas pequenas diferenças no nível do piso de um andar, por exemplo, que causavam desconforto em pacientes recém-operados ao passar com a cadeira de rodas. Em outro setor, foram criadas salas de dispositivos de marcha, como muletas e andadores, para facilitar a localização dos materiais pelos profissionais e aumentar o tempo dedicado aos pacientes. “A ideia é engajar todos os colaboradores, como se todos nós fôssemos auditores”, diz Daniella.
>> Liderança: onde começa o comprometimento com a segurança do paciente?
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