A pandemia de COVID-19 tem forçado o setor de saúde contra a parede no sentido de preservar recursos (principalmente os EPIs) e a segurança dos profissionais. Dentro dessa perspectiva, o ISMP (Institute for Safe Medication Practices) trouxe a público a experiência de alguns hospitais que optaram por colocar as bombas de infusão fora dos quartos como medida para reduzir a entrada dos enfermeiros nos locais, diminuindo, assim, a exposição desses profissionais ao risco de contaminação pelo novo coronavírus (1).
Mas é preciso pesar os prós e os contras dessa abordagem antes de tomar a decisão de adotar medida semelhante.
O primeiro ponto a ser observado está no fato de que todos os pacientes que tiveram suas bombas de infusão posicionadas fora dos quartos utilizavam cateter venoso central, uma vez que os profissionais de enfermagem observaram que cateteres periféricos poderiam não funcionar corretamente dentro desse cenário.
Para tornar possível afastar a bomba do paciente foi utilizado um extensor capaz de passar por debaixo da porta. Os especialistas dos hospitais optaram por tubos de menor diâmetro que ficavam mais bem acomodados sob a porta dos quartos e, devido ao fluxo, permitiam que as soluções fossem melhor administradas ao paciente nesse tipo de distância.
Quanto aos medicamentos, a experiência mostra que até três medicamentos compatíveis podem ser administrados juntos em uma mesma linha, incluindo bloqueadores neuromusculares, vasopressores, sedativos e antibióticos.
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Avaliação dos pacientes – Manter as bombas de infusão do lado de fora do quarto não muda a rotina de cuidados diretos com o paciente. Em um exemplo, o hospital instituiu que a cada duas horas o enfermeiro responsável entraria no quarto para reposicionar o paciente e verificar o acesso intravenoso. Além disso, foi mantida a rotina de dupla checagem quando determinados medicamentos mais críticos estão sendo administrados.
Com as bombas de infusão do lado de fora dos quartos, os enfermeiros não conseguem checar o código de barras que está na pulseira de identificação dos pacientes na hora de verificar a administração de medicamentos. Porém, diante das circunstâncias, o hospital analisou os riscos e optou por duplicar a pulseira, mantendo uma unidade do código de barras do paciente do lado de fora do quarto. Em outro hospital, graças às paredes de vidro dos quartos, a enfermeira que fica isolada dentro da unidade pode fazer a verificação através do vidro. Alguns hospitais também colocram o nome e a data de nascimento do paciente na bomba para reduzir o risco de fazer alterações na bomba errada ou administrar medicamentos ou soluções ao paciente errado.
Vantagem – Com uma alta demanda, umas das vantagens de as bombas estarem nos corredores está na equipe de enfermagem escutar os alarmes tomando providências mais rápidas.
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Por que muitos hospitais não aderiram?
Reduzir a exposição dos profissionais de saúde ao risco de contaminação é o mote principal da mudança de estratégia que coloca as bombas de infusão do lado de fora dos quartos. Porém muitos hospitais não cogitaram essa abordagem por alguns motivos:
- Os conjuntos de extensão estão escassos devido ao crescimento da demanda;
- O risco da impossibilidade de fazer a leitura da pulseira do paciente deve ser analisado;
- É importante avaliar o impacto da redução de contato direto entre a enfermagem e o paciente;
- O comprimento dos tubos de extensão pode afetar o fluxo e o tempo que o medicamento leva para chegar ao paciente;
- Os cabos das bombas de infusão podem fazer com que os profissionais que estão circulando tropecem;
- O hospital precisa ter tomadas disponíveis pelo corredor para manter a energia das bombas de infusão;
- Quando há dois pacientes em um único quarto não é possível utilizar essa abordagem.
Dessa forma, a medida parece atender algumas instituições, porém não todas. Assim cabe à cada gestor analisar as vantagens e os riscos de manter as bombas de infusão fora dos quartos, sempre considerando sua infraestrutura e o posicionamento dos profissionais responsáveis pelo espaço.
Os hospitais que considerarem adotar essas medidas podem se basear em um relatório (2) especial emitido pelo ECRI, instituto independente que avalia a eficiência de dispositivos médicos em território norte-americano, que traz uma consultoria especializada para a adoção de conjuntos de extensão para posicionamento das bombas fora dos quartos. A organização testou diversas bombas de infusão e traz alguns pareceres importantes como, por exemplo, ser fundamental analisar a viscosidade dos fluidos que estão sendo administrados.
REFERÊNCIAS:
(1) ISMP – Clinical Experiences Keeping Infusion Pumps Outside the Room for COVID-19 Patients
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