A falta de contato social de muitos indivíduos idosos já soava um alarme de saúde pública quando, no início da pandemia de COVID-19, as instituições de longa permanência fecharam para visitas e em pouco tempo os profissionais atuantes nesses locais começaram a relatar aumento de casos de depressão, ansiedade e agravamento da demência dos residentes.
A fim de compreender os impactos do isolamento social na população norte-americana, pesquisadores conduziram um estudo transversal (1) com mais de 730 mil pessoas que moravam em 14 mil instituições de longa permanência estabelecidas no território dos Estados Unidos.
Publicado no JAMA Network, o estudo menciona que adultos socialmente isolados apresentam altas taxas de resultados negativos para a saúde, o que inclui mortalidade prematura e aumento de 50% no risco de demência.
No âmbito das instituições de longa permanência, o isolamento social não é total, visto que sempre há outros residentes no local, mas se caracteriza pelo afastamento do paciente de sua família e seus amigos. A perda dessa conexão social tem impacto relevante na qualidade de vida e na saúde das pessoas.
O cenário se desenha com base na perspectiva de que muitos bairros são caracterizados por uma grande quantidade de pessoas com mais de 65 anos de idade que moram sozinhas. Esses bairros, na teoria, atrairiam mais instituições de longa permanência. Para isso, o estudo utilizou, como principal variável de exposição, a localização dessas instituições para compreender se elas, de fato, estavam nesses bairros onde o isolamento social é maior. Depois, foi avaliada se a mortalidade por toda e qualquer causa em 30 dias era maior nas áreas de mais isolamento.
Resultados
Dos mais de 33 mil códigos postais dos Estados Unidos, 26,1% tinham ao menos uma instituição de longa permanência. O estudo também observou que essas instituições estavam localizadas principalmente em áreas com os níveis mais altos de isolamento social de idosos (e percebeu também o cenário inverso: nas áreas com menor isolamento social havia poucas organizações deste tipo).
Dos 730.524 residentes nessas organizações, 62,1% eram do sexo feminino, 83,61% eram brancos e 57,45% tinham 80 anos ou mais. Como resultado, o estudo norte-americano sugere que a instalação de instituições de longa permanência em bairros socialmente isolados foi significativamente associada a um risco aumentado de mortalidade de residentes em 30 dias. O risco de morte no período chega a ser 17% maior nesses locais onde o isolamento se faz mais forte.
A avaliação é importante para a tomada de decisão, visto que o estudo também aponta a necessidade de evitar a criação de barreiras para a conexão do residente com seus amigos e familiares. Indica, inclusive, que o tempo de deslocamento e dificuldades de acesso do transporte público até o local são fatores muito relevantes para a criação desses empecilhos.
Referências:
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