A Organização Mundial da Saúde (OMS), empenhada em ampliar a segurança dos pacientes em toda a assistência mundial, relata que cerca de 50% dos eventos adversos (1) que ocorrem ao redor do globo são evitáveis. Reduzir essas falhas que podem levar a danos é fundamental e, para isso, é necessário monitorar os cenários a fim de compreender quem são os cidadãos mais suscetíveis e em que etapa dos processos os equívocos podem ocorrer.
Estudo espanhol (2) publicado em dezembro de 2020 buscou determinar a frequência dos eventos adversos evitáveis ocorridos na atenção primária e concluiu que as mulheres acabam vivenciando mais episódios do que os homens. A frequência também aumenta de acordo com a faixa etária e a maioria dos incidentes está relacionada a medicamentos. Os resultados obtidos impulsionam ainda mais a busca por estratégias para aumentar a segurança dos pacientes na atenção básica.
Foram revisados 2.557 prontuários médicos, 75,4% de pacientes adultos e 24,6% de pediátricos e foram encontrados 215 incidentes ocorridos entre fevereiro de 2018 e setembro de 2019 em assistências médicas de regiões espanholas como Andaluzia, Aragão, Castilla La Mancha, Catalunha, Madrid, Navarra e Valência. Como 32 desses eventos causaram apenas danos insignificantes ou emocionais e um deles não atendia ao grau de concordância com o estudo, foram analisados com profundidade os 182 restantes.
No total, 168 pacientes foram afetados, sendo que 12 deles enfrentaram mais de um evento adverso. A frequência média desses eventos foi de 7,6% nos pacientes adultos, porém interessante observar que as mulheres passaram por mais episódios do que os homens. Já nos pacientes pediátricos, a frequência foi de 5,7% e não houve diferença significativa entre os gêneros.
Outra observação relevante do estudo realizado na Espanha foi que a frequência de eventos adversos evitáveis aumentou gradativamente conforme a faixa etária do paciente – independentemente do gênero –, passando de 1% naqueles entre 30 e 45 anos para 15,5% nos maiores de 80.
A avaliação de gravidade dos eventos adversos evitáveis identificados no estudo leva à conclusão de que a maioria dos episódios teve consequências leves, porém em 18,5% dos casos, os danos nos pacientes adultos foram graves e em 4,1%, permanentes. Assim, um a cada 24 eventos adversos observados no período foi responsável por um dano grave e permanente ao paciente. Quanto à origem do incidente, a maioria ocorreu no âmbito medicamentoso. Na ala pediátrica, por exemplo, todos os eventos adversos estavam relacionados a administração de medicamentos.
Os erros em medicamentos podem levar a danos leves ou graves. Segundo classificação de eventos evitáveis na atenção primária publicada em 2002 pelo The Journal of Family Practice (3), as falhas em medicamentos mais comuns são droga incorreta, erro na dose e atraso ou omissão na administração medicamentosa. O estudo descreve, por exemplo, que um paciente que recebeu um medicamento equivocado pode ter consequências múltiplas que vão desde uma erupção cutânea até mesmo morte por anafilaxia.
Dessa forma, a percepção dos pesquisadores é a de que os gestores dos serviços de saúde devem seguir fortalecendo as boas práticas, principalmente na cadeia medicamentosa, a fim de reduzir a frequência dos eventos adversos evitáveis na atenção primária, garantindo a maior segurança dos pacientes.
Referências:
(1) Patient Safety – Organização Mundial da Saúde (OMS)
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