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Classificação de eventos adversos relacionados ao tratamento oncológico

Classificação de eventos adversos relacionados ao tratamento oncológico
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Após o diagnóstico do câncer, muitos pacientes são direcionados ao tratamento quimioterápico, procedimento que utiliza medicamentos de alto risco e alta toxicidade para combater as células cancerígenas responsáveis pela proliferação de tumores malignos. Porém, como as drogas afetam não somente as células doentes, mas também as células e tecidos saudáveis, podem surgir eventos adversos em decorrência da administração dos antineoplásicos.

Para compreender esses eventos adversos e melhor definir os critérios quanto à toxicidade desses tratamentos, o National Cancer Institute (NCI), instituição norte-americana, publicou o documento (1) Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE).

A versão mais recente desse material foi divulgada em 2017 e categoriza os eventos adversos relacionados ao tratamento quimioterápico em 26 seções que vão desde distúrbios cardíacos, endócrinos, gastrointestinais, vasculares e psiquiátricos a infecções e impactos sociais.

Essa tabela é muito utilizada pelos profissionais que atuam no segmento oncológico, principalmente aqueles que monitoram, investigam, analisam e notificam eventos adversos, porém precisa ser bem interpretada para que gere efeitos positivos tanto à segurança do paciente quanto à qualidade da assistência.

Em primeiro lugar é preciso lembrar que evento adverso é qualquer ocorrência desfavorável e não intencional que pode ter ou não relação com o tratamento e impacta o paciente de alguma forma. Para a classificação desses eventos, o CTCAE estipula cinco níveis de gravidade:

  1. Leve: quando o paciente está assintomático ou com sintomas leves
  2. Moderado: quando há indicação de intervenção local ou não invasiva e limitação das atividades rotineiras
  3. Grave: Quando o evento é clinicamente significativo, não gera risco imediato de morte, mas há indicação de internação ou prolongamento da internação e limitação das atividades de autocuidado como tomar banho, vestir-se, alimentar-se e ir ao banheiro
  4. Com risco de morte: quando há indicação de intervenção urgente
  5. Óbito: quando o paciente chega à óbito.

Para exemplificar como a tabela funciona, observamos na seção de distúrbios cardíacos os critérios para miocardite, uma inflamação aguda do coração que pode ser causada por imunoterápicos. O documento classifica esse evento dentro dos níveis de gravidade 2, 3, 4 ou 5, sendo que:

  1. Moderado – Presença de sintomas diante de atividade ou esforço moderados
  2. Grave – Presença de sintomas mesmo em repouso ou com esforço mínimo; necessidade de intervenção indicada; aparecimento de novos sintomas
  3. Com risco de morte – Exige intervenção urgente como, por exemplo, suporte hemodinâmico mecânico
  4. Óbito – Quadro que leva o paciente à morte

A versão anterior dessa tabela do NCI – até então intitulada Common Toxicity Criteria – foi traduzida pelo Núcleo de Estudos Clínicos em Câncer (NECC) do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Israelita Albert Einstein e disponibilizada pelo Instituto Nacional do Câncer (acesse AQUI).

Monitoramento

Para facilitar o monitoramento é possível investir em tecnologia. O eRAPID é um sistema on-line que apoia os pacientes durante o tratamento oncológico e auxilia a equipe clínica a detectar e gerenciar sintomas. Para avaliar a eficácia da plataforma, em 2018 um teste de campo (2) foi publicado envolvendo 12 pacientes em tratamento quimioterápico para câncer de mama e 10 profissionais de saúde entre médicos oncologistas e enfermeiros especialistas.

Na ocasião, os pacientes preencheram, durante quatro ciclos do tratamento, os formulários virtuais e as equipes analisaram esses dados em suas avaliações clínicas. Os resultados foram positivos e indicaram que o sistema tem potencial para melhorar a eficácia, o conhecimento e a confiança dos pacientes no manejo da doença.

Na sequência, (3) artigo publicado por especialistas do St James’ University Hospital, no Reino Unido, reforça que o sistema de autorrelato de sintomas é excelente para fornecer feedbacks imediatos e importantes sobre a gravidade dos sintomas decorrentes do tratamento oncológico, entregando, às equipes, dados para a elaboração de novas estratégias clínicas.

Referências:

(1)  Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE)

(2) Online tool for monitoring adverse events in patients with cancer during treatment (eRAPID): field testing in a clinical setting

3) Engaging Patients and Clinicians in Online Reporting of Adverse Effects During Chemotherapy for Cancer: The eRAPID System (Electronic Patient Self-Reporting of Adverse Events: Patient Information and advice)

 

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