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A luta contra a resistência antimicrobiana

A luta contra a resistência antimicrobiana
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IBSP: Segurança do Paciente - A luta contra a resistência antimicrobiana

O uso indiscriminado de antimicrobianos ao longo das décadas gerou uma nova demanda para os sistemas de saúde. Hoje, a resistência antimicrobiana se tornou uma das principais preocupações globais por ser um dos fatores responsáveis por prolongar doenças, aumentar a taxa de mortalidade e a permanência prolongada no ambiente hospitalar, além de contribuir com a ineficácia de tratamentos preventivos.

A União Europeia estima que 700 mil pessoas morrem ao ano no mundo por consequência da resistência antimicrobiana (1). Até 2050, essa questão deverá causar mais mortes do que o câncer. O dado é alarmante e desperta a atenção das principais entidades do setor.

Tanto que a OMS (Organização Mundial de Saúde), em conjunto com os países-membros da ONU (Organização das Nações Unidas), incentiva a elaboração de planos para combater a resistência antimicrobiana. O alerta foi um dos motivadores para a publicação, por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), da Diretriz Nacional para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços de Saúde (2).

Considerando que essa é a segunda classe de medicamentos mais utilizada em hospitais, sendo responsável por até 50% das despesas hospitalares com medicações (2), e que ao mesmo tempo em que a resistência aumenta, diminui a produção de novas opções, a cartilha visa orientar os profissionais quanto ao melhor uso de antibióticos.

>> O que é Antimicrobial Stewardship?

Segundo artigo Antimicrobial Stewardship publicado pela Mayo Foundation for Medical Education and Research (3), entre 1935 e 2003 foram apresentadas 14 novas classes de antibióticos. Porém, nos últimos 30 anos, o desenvolvimento desses medicamentos diminuiu consideravelmente, fazendo com que as opções de tratamento para infecções cada vez mais resistentes venham se tornando a cada dia mais limitadas. De 1998 para cá, apenas dez novos antibióticos foram aprovados. Desses, apenas dois (linezolida e daptomicina) têm novos focos de ação.

Paralelamente ao empenho em melhor gerenciar o uso de antibióticos – o estudo também afirma que metade dos pedidos de antibióticos dentro dos hospitais são desnecessários – há um empenho em angariar investimento para criação de novas drogas. A Sociedade Americana de Doenças Infecciosas apostou na união de líderes do segmento para apoiar o desenvolvimento de dez novos medicamentos até 2020. Mas a iniciativa não progrediu como o esperado.

>> Antimicrobial Stewardship visa microbiota saudável e menos resistente

Implementação de um Programa de Gerenciamento para o Uso Racional de Antimicrobianos

O artigo assinado pelas doutoras Shira Doron e Lisa E. Davidson (3), da Divisão de Medicina Geográfica e Doenças Infecciosas do Tufts Medical Center, nos Estados Unidos, lista um passo a passo para a implementação de um programa de gerenciamento para uso racional de antimicrobianos. A estratégia inclui:

1. Compreensão sobre quais os patógenos mais problemáticos de cada instituição e o modelo de utilização de antimicrobianos

2. Avaliação dos recursos disponíveis

3. Determinação de áreas prioritárias e planejamento de intervenções

4. Envolvimento das lideranças da instituição

5. Desenvolvimento de plano de negócios

6. Aplicação do plano

Impacto financeiro – Além do abalo nas populações, a resistência antimicrobiana também impacta diretamente a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Na União Europeia, gera um custo anual de 1,5 bilhão de euros (1) e o Banco Mundial chegou a alertar que essa pode ser a base de uma crise econômica similar à enfrentada em 2008.

Sob o holofote – Devido à sua relevância, o tema foi um dos assuntos explorados na IDWeek 2019 (4) em meados de outubro. O evento reúne, anualmente nos Estados Unidos, especialistas da Sociedade de Doenças Infecciosas da América (IDSA), da Sociedade de Epidemiologia da Saúde da América (SHEA), da Associação Médica de HIV (HIVMA) e da Sociedade de Doenças Infecciosas Pediátricas (PIDS).

>> 3º Seminário Integrado de Farmácia Clínica – FACLIN-IBSP

Agora, no Brasil, será também abordado na programação do 3º Seminário Integrado de Farmácia Clínica – FACLIN-IBSP. No dia 29 de novembro, entre 8h45 e 9h15, Leandro Cardinal palestrará sobre o uso seguro de antimicrobianos e a implementação de estratégias de sucesso. Coordenador de Farmácia Clínica do Hospital Santa Paula, Cardinal é mestre e doutorando em Infectologia na Universidade Federal de São Paulo, e membro do grupo de discussão de Antimicrobianos em Doentes Críticos do Hospital São Paulo.

IBSP: Segurança do Paciente - A luta contra a resistência antimicrobiana

Referências:

 

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