O RT-PCR (reação em cadeia da polimerase) é o exame diagnóstico apontado pela OMS (Organização das Nações Unidas) como o padrão ouro para identificação da infecção pelo novo coronavírus. Molecular, esse teste consegue perceber a COVID-19 logo nos primeiros dias após o início dos sintomas por ter alta acurácia e eficiência. Porém, para garantir a segurança do paciente – e do profissional que executa a coleta –, é necessário tomar alguns cuidados na hora de colher as amostras que serão analisadas em laboratório.
Profissionais responsáveis por coletar amostras nasofaríngeas, comum também para diagnóstico de outras infecções respiratórias virais e bacterianas, devem ser cautelosos principalmente se o paciente tiver sofrido algum trauma nasal recentemente, se tiver desvio acentuado de septo ou se tiver histórico de bloqueio das passagens nasais ou for portador de alguma coagulopatia grave.
A fim de promover o processo adequado para obtenção das amostras, o The New England Journal of Medicine publicou um artigo (1) explicativo que trata dos detalhes deste processo diagnóstico. Lista, inclusive, recomendações prévias ao procedimento:
1. O profissional que fará a coleta da amostra deve usar equipamento de proteção individual incluindo avental, luvas, máscara (N95) e escudo facial.
2. Antes de iniciar o processo, deve verificar se todos os tubos foram devidamente etiquetados e se os documentos estão corretamente preenchidos (importante fazer a checagem de ao menos dois identificadores como nome e data de nascimento na identificação das amostras).
3. Antes da coleta, o paciente deve retirar a máscara e assoar o nariz em um lenço de papel para eliminar o excesso de secreções.
A SBAC (Sociedade Brasileira de Análises Clínicas) listou, em seu portal na internet, as recomendações (2) para a melhor coleta das amostras tanto do trato respiratório superior quanto do inferior. Conforme descrito abaixo:
Amostras colhidas no trato respiratório superior
- Usar apenas swabs de fibra sintética com haste de plástico; já que swab de alginato de cálcio ou com hastes de madeira podem conter substâncias que inativam alguns vírus e inibem o teste de PCR.
- Após a coleta, colocar os swabs imediatamente em tubos estéreis com 2-3 ml de meio de transporte viral.
- Para swab de nasofaringe, inserir um cotonete na narina paralelamente ao palato atingindo profundidade igual à distância entre as narinas e a abertura externa da orelha. Deixar o cotonete no local por alguns segundos para absorver as secreções e remover lentamente girando em 360°.
- Para swab orofaríngeo, colocar o swab na faringe posterior sem tocar a língua
- Para lavado/aspirado de nasofaringe ou aspirado nasal, coletar 2-3 ml em um recipiente estéril para coleta de escarro, à prova de vazamento e com tampa de rosca ou em um recipiente seco e estéril.
Amostras colhidas no trato respiratório inferior
- Para lavagem broncoalveolar ou aspirado traqueal, a equipe multidisciplinar que está assistindo o paciente no ambiente hospitalar deve coletar 2-3 ml em um copo de coleta de escarro estéril, à prova de vazamento e com tampa de rosca ou em um recipiente seco e estéril
- A indução do escarro não é recomendada, devendo ser coletada somente em pacientes com tosse produtiva. Nesse caso, o paciente deve lavar a boca com água e depois tossir forte e diretamente em um recipiente estéril, a prova de vazamento e com tampa de rosca ou em um recipiente seco e estéril. Além disso, essa amostra só deve ser coletada em um ambiente apropriado que permita o isolamento do paciente pois a execução do procedimento produz aerossol.
Após finalizar o procedimento, o profissional de saúde deve seguir as recomendações para retirar os equipamentos de proteção individual.
Referências:
(1) NEJM – How to Obtain a Nasopharyngeal Swab Specimen
(2) SBAC – Métodos laboratoriais para diagnóstico da COVID-19
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