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Lesão por pressão em decorrência de procedimentos cirúrgicos

Lesão por pressão em decorrência de procedimentos cirúrgicos
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IBSP: Segurança do Paciente - Lesão por pressão em decorrência de procedimentos cirúrgicosLesões por pressão são alguns dos eventos adversos mais comuns no ambiente hospitalar e há grande preocupação em prevenir que essas lesões surjam em decorrência de procedimentos cirúrgicos. Pesquisas internacionais (1) mostram que a incidência de lesões derivadas de cirurgias varia de 12,2% em Portugal a 13% nos Estados Unidos. No Brasil, país continental e com inúmeras particularidades regionais, há grande variação da ocorrência dessas lesões: enquanto em um município do Triângulo Mineiro estudos apontam até 74% de incidência, em São Paulo essa taxa está em torno de 10,1%.

Realizado por profissionais brasileiros do setor e publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem, estudo (1) contribui para a compreensão do cenário no país. Visando avaliar o risco de os pacientes desenvolverem as lesões e fazer associações diversas, a pesquisa observou 278 pacientes submetidos a cirurgias eletivas entre fevereiro e maio de 2017 e identificou que 77% deles sofreram com alguma lesão perioperatória por posicionamento – a maioria em estágio 1 – e que 56,5% deles apresentou alto risco para o desenvolvimento desses eventos. Além disso, apontou que mulheres, idosos e pessoas com índice de massa corporal alterado se mostraram mais propensas a lesões.

Seguindo o lema de que a prevenção é o melhor caminho, este mesmo estudo nacional indica que a Escala de Avaliação de Risco para Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO) possibilita identificar precocemente as chances de o paciente desenvolver as lesões permitindo, assim, a adoção de estratégias preventivas para assegurar a segurança e a qualidade do cuidado.

Apontado como instrumento confiável por ter sido desenvolvimento com base em evidências recentes, a escala considera uma pontuação que varia de 7 a 35 pontos, sendo que quanto maior a pontuação, maior o risco. No estudo em questão, foram consideradas as seguintes variáveis para classificação do risco dos pacientes: duração da cirurgia, tipo de anestesia, posicionamento cirúrgico, superfície de suporte, posicionamento de membros superiores e inferiores, comorbidades e idade do paciente.

Algumas observações relevantes do estudo nacional:

– A redução da temperatura corporal em 0,55°C aumenta em 20,2% o risco de lesão

– O tempo de duração do procedimento anestésico-cirúrgico é um dos fatores de risco mais significativos, já que longos períodos de imobilização e exposição à pressão causam anóxia, necrose tecidual e consequente lesão de pele

– O tipo de anestesia também impacta no risco

– A não utilização de superfícies de suporte no período intraoperatório aumenta o risco de lesões por pressão

– A diabetes mellitus é um dos fatores de risco

Partindo para o cenário internacional, um estudo publicado pelo Journal of Clinical Nursing (2) analisou 208 pacientes de nove especialidades cirúrgicas para descrever a incidência, as características clínicas e a progressão de lesões por pressão em pacientes submetidos a cirurgias com duração superior a quatro horas. Na ocasião, 21,2% desenvolveram 70 lesões por pressão nos primeiros dois dias após a cirurgia, sendo que mais da metade (52,9%) das lesões ocorreram nos calcanhares e 15,7% na área sacral. No total, 12% dos pacientes observados foram prejudicados pelas lesões.

Outro estudo, dessa vez publicado no AORN Journal (3), reforça a percepção de que a formação de lesões por pressão ocasionadas pelo posicionamento do paciente na sala de cirurgia aumenta o tempo de internação desse paciente e, como consequência, os custos hospitalares. Durante oito meses, o estudo observou pacientes que foram submetidos a cirurgias com duração de três horas e indicou que o tipo de posicionamento do paciente, a superfície da mesa cirúrgica e a avaliação da pele do paciente no momento pós-anestesia estão associadas ao desenvolvimento de lesões por pressão.

Tamanha é a relevância do tema que as lesões por pressão são o foco de um dos seis protocolos básicos de segurança do paciente atrelados ao Programa Nacional de Segurança do Paciente.

Referências:

(1) Classificação de risco de desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico

(2) Incidence of pressure ulcers due to surgery

(3) Pressure Ulcer Prevalence and Risk Factors among Prolonged Surgical Procedures in the OR

 

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