Uso prolongado de antibiótico
Pacientes em casas de repouso recebem antibióticos com frequência. Estima-se que dois terços dos pacientes nestes locais recebem alguma prescrição de antibióticos anualmente. E em muitos casos, esta prescrição ocorre por um tempo prolongado.
Não é infrequente que ocorra seleção de bactérias resistentes nesses ambientes ou mesmo que ocorram eventos adversos. E é intuitivo entender que o tempo de exposição aos antibióticos só potencializa esses incidentes.
O sistema de saúde precisa de decisões inteligentes para ter solução
Onde nasce o problema da segurança do paciente?
Para tentar reverter este problema, a primeira coisa é entender porque as prescrições de antibióticos nesses locais são tão prolongadas. Achando as causas é possível definir se há algo a ser feito. E um dado interessante a ser descoberto é se a prescrição de um antibiótico por tempo prolongado é motivada por alguma característica do paciente ou por simples preferência do prescritor.
Pesquisa no Canadá
Um grupo de pesquisadores canadenses resolveu investigar o assunto e descrever se a variabilidade no tempo de prescrição de antibióticos para pacientes de casas de repouso é consequência de preferências particulares do médico prescritor.
O estudo incluiu 66.901 pacientes com mais de 65 anos residentes de casas de repouso em Ontário no Canadá. Destes, 77,8% realizou algum tratamento com antibiótico ao longo de um ano.
Em 41% de quem recebeu antibiótico, o curso de tratamento foi de sete dias, porém outros 44,9% receberam antibiótico por um período maior. Obviamente, excluindo situações nas quais o tempo de antibiótico poderia ser acima de sete dias, ainda foi verificado que 21% dos prescritores indicaram antibióticos por um tempo acima do que seria esperado, ou seja, sete dias.
Paciente não influencia
E há um dado ainda mais interessante: não foi verificada nenhuma característica clínica que pudesse diferenciar o grupo de pacientes que recebeu antibióticos por uso prolongado do grupo que tomou pelo período padrão. Os pacientes nessa situação tinham as mesmas características daqueles que receberam antibióticos por tempo tradicional (sete dias), ou mesmo por tempo menor. O estudo conclui que o uso prolongado foi basicamente a opção do médico, sem nenhuma consistência de decisão clínica.
Sendo assim, é fácil verificar que existe uma grande oportunidade no quesito abordado. Deve-se criar uma abordagem para minimizar cursos prolongados de antibióticos em pacientes de casa de repouso. Isso pode impactar em redução de complicações, custos e mesmo de resistência bacteriana em asilos. Isso provavelmente depende de induzir o médico a traçar um plano terapêutico, e de haver metas a serem atingidas para que o antibiótico possa ser descontinuado o mais rápido possível.
Referência
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