Profissional ganha cada vez mais espaço em UTIs e em equipes multidisciplinares, reduzindo custos hospitalares
Com novas resoluções e diretrizes para composição da equipe multiprofissional nas unidades hospitalares para cuidar de pacientes em estado crítico, o fonoaudiólogo saiu da clínica e ganhou papel importante em hospitais pelo Brasil nos últimos dez anos. O objetivo principal da assistência desses profissionais é prevenir e reduzir complicações, a partir do gerenciamento da disfagia, a fim de proporcionar o retorno seguro da alimentação por via oral. Estabelecer o diagnóstico é fundamental para guiar o gerenciamento do distúrbio e a redução da mortalidade e morbidade a ele associado, assim como propiciar uma melhora na qualidade de vida dos pacientes.
Para que esse atendimento multidisciplinar ocorra a contento, é essencial que todos os profissionais envolvidos compreendem o papel de cada um no processo e sejam capazes de se comunicar bem em prol da segurança do paciente. Em entrevista exclusiva ao ISBP, Gisele C. Medeiros, Doutora em Ciências da Reabilitação pela FMUSP e Professora do Curso de Fonoaudiologia da FMUSP, dá mais detalhes sobre o trabalho desses profissionais no ambiente hospitalar. Confira:
IBSP – Como o fonoaudiólogo está ligado à segurança do paciente?
Gisele Medeiros – No contexto hospitalar, o fonoaudiólogo está inserido principalmente no gerenciamento da disfagia, prevenindo e reduzindo os riscos de broncoaspiração relacionadas com as alterações de deglutição. Desta forma, favorecendo o retorno seguro da via oral da alimentação. É partir da avaliação fonoaudiológica que conseguimos determinar a presença da disfagia e as consistências alimentares adequadas, assim como estratégias que otimizam a função da deglutição. Com o retorno da alimentação por via oral de forma precoce e segura, a assistência fonoaudiológica contribui para a indicação multidisciplinar da retirada de vias alternativas de alimentação.
IBSP – Qual a importância desse profissional na rotina de um hospital? E como deve ser a relação entre médicos e fonoaudiólogos?
Gisele – A relação entre esses profissionais deve ocorrer de uma forma multidisciplinar. É preciso que as duas áreas se conheçam para que haja encaminhamento dos pacientes que pertencem a um grupo de risco para a disfagia de forma precoce. Assim como no momento oportuno para a avaliação fonoaudiológica de um paciente crítico.
A sistematização e o gerenciamento das rotinas e processos são as principais ações para o trabalho fonoaudiológico dentro da equipe multidisciplinar, o que garante o fluxo de pacientes para a avaliação fonoaudiológica. É essencial por parte dos profissionais maior esforço para identificar, organizar, sistematizar e operacionalizar os procedimentos e metas dos programas de reabilitação, a fim de melhorar a prática no ambiente hospitalar e a relação com a equipe multidisciplinar.
Estabelecer preditores de risco para a broncoaspiração em pacientes críticos com base em indicadores clínicos permite um melhor fluxo de encaminhamentos. O estabelecimento de indicadores de priorização de atendimento fonoaudiológico de pacientes críticos e de risco para broncoaspiração é primordial para a redução dos custos hospitalares, otimização das avaliações fonoaudiológicas em beira de leito e retorno seguro e precoce para a alimentação por via oral.
IBSP – Quais são os maiores desafios que o fonoaudiólogo enfrenta nos hospitais na prática de suas atividades? Por quê?
Gisele – Vemos uma alta demanda de pacientes para um número reduzido de profissionais contratos. Com as novas resoluções de inclusão do fonoaudiólogo nas equipes multiprofissionais e com os avanços científicos na área, essa necessidade tem aumentado consideravelmente.
A obrigação de profissional especializado na área também é um grande desafio, pensando num grande centro como São Paulo. O que ocorre em maiores proporções em outras regiões do Brasil.
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