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Pesquisa: acesso ao diagnóstico de câncer de mama pelo SUS ainda é tardio

Pesquisa: acesso ao diagnóstico de câncer de mama pelo SUS ainda é tardio
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É fundamental que se faça o diagnóstico do câncer de mama no prazo mínimo de 60 dias, como estabelece a lei, “que também já é um tempo demorado demais”

 

Embora a qualificação dos exames laboratoriais feitos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) tenha recebido avaliação positiva por parte das usuárias do serviço, com 90% de aprovação, o prazo para acesso ao diagnóstico de câncer de mama ainda é tardio. É o que revela pesquisa inédita feita pelo Instituto Datafolha para a Fundação Laço Rosa, divulgada dia 31/05/2016, no Rio de Janeiro, durante o Fórum de Políticas para o Câncer de Mama.

A pesquisa buscou investigar os problemas registrados no estado do Rio de Janeiro para o tratamento do câncer de mama. “Ainda tem grandes barreiras”, disse a presidente voluntária da Fundação Laço Rosa, Marcelle Medeiros. O Instituto Datafolha entrevistou 240 mulheres, pacientes em tratamento de câncer de mama ou em fase diagnóstica, atendidas pelo SUS no estado do Rio de Janeiro, entre os dias 2 e 10 deste mês, e verificou que o atendimento está concentrado na região metropolitana do Rio, em especial na capital.

Demora no diagnóstico e falta de prevenção
A sondagem mostra que o tempo médio até o diagnóstico das mulheres entrevistadas oscila entre oito e nove meses e que uma em cada dez mulheres nunca fez nenhum exame preventivo. A presidente da Fundação Laço Rosa avaliou que o que é diagnosticado no estágio um, depois de nove meses, pode agravar a saúde da mulher com câncer de mama, pois  “O tempo, de fato, corre contra”. Por isso, Marcelle disse ser fundamental que se faça o diagnóstico no prazo mínimo de 60 dias, como estabelece a lei, “que também já é um tempo demorado demais”.

 

De acordo com a pesquisa, 19% das pacientes do SUS necessitam recorrer a plano de saúde ou exames particulares para complementar exames cobertos pelo SUS; 77% passam pelo atendimento de até quatro médicos, em vez de um único profissional que possa acompanhá-las do início até o final do tratamento. Outros resultados revelam que um terço das entrevistadas têm parentes de primeiro grau com câncer de mama e que, para elas, receber o diagnóstico e perder o cabelo são os piores momentos da doença.

Marcelle destacou ainda que as mulheres consultadas gostariam de participar de eventos referentes à doença. A mobilização registrada no fórum prova isso, afirmou. Ela defendeu também que as campanhas precisam estar alinhadas ao grau de escolaridade das pacientes, que é baixo, de modo a adequá-las ao público. Outro dado importante, segundo ela, é que 83% das mulheres nunca utilizaram o trabalho de organizações não governamentais (ONGs) que atuam nessa área: “Isso demonstra que não existe uma relação entre o poder público e as organizações da sociedade civil que poderiam, muitas vezes, estar ajudando o poder público nesse trabalho”. Falta, sustentou, uma política pública que inclua as organizações sociais nesse debate.

Marcelle disse que há um longo caminho a ser percorrido e temas para serem debatidos, visando a construção de uma solução conjunta entre especialistas, autoridades, associações médicas e entidades ligadas ao tratamento do câncer de mama no Brasil.

Termo de compromisso
Durante o fórum, começou a ser construído um termo de compromisso para melhoria do cenário atual. “O termo é colaborativo”, afirmou Marcelle. Ele será colocado para consulta pública, de modo a ser criado em colaboração com a sociedade civil, antes de ser levado a todas as esferas do poder público.

O fórum terá continuidade  pelas redes sociais, com o objetivo de construir as melhorias propostas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), do Ministério da Saúde, o número de casos novos de câncer de mama deve alcançar quase 58 mil no país, em 2016.

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