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Adesão à prática segura de medicação reduz falhas e eventos adversos durante procedimento anestésico

Adesão à prática segura de medicação reduz falhas e eventos adversos durante procedimento anestésico
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Reduzir práticas inseguras de medicação – principal causa de lesões e danos evitáveis no mundo (1) – é emergencial. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta “Medicamentos sem danos” como o terceiro desafio global para segurança do paciente. Para isso, a entidade vem promovendo ações e lançou, em 2017, um projeto ambicioso para os próximos cinco anos: diminuir em 50% os danos graves relacionados a medicamentos.

Na anestesiologia – especialidade que prescreve, prepara e administra medicamentos – a adesão às diretrizes e sistemas que amplificam as barreiras ao dano é ainda mais relevante, visto que, durante a assistência, o profissional acaba por atuar sem uma segunda checagem.

O assunto é prioritário. Estudo (2) observacional prospectivo conduzido nos Estados Unidos em 2016 junto a uma equipe de anestesiologistas e enfermeiros anestesistas analisou 277 cirurgias totalizando 3.671 administrações de medicamentos. Desse montante, 193 procedimentos envolveram um erro de medicação no perioperatório ou um evento adverso de medicamento. Assim, a pesquisa sugere que uma em cada 20 administrações de medicamentos perioperatórios oferece risco. Paralelamente, outro estudo (3), dessa vez da Nova Zelândia, aponta que as duas categorias individuais de erros mais frequentes são doses incorretas e substituições; reforçando que a troca de medicamentos é altamente perigosa e muitas vezes responsável por danos graves.

A fim de prover um caminho seguro para a administração medicamentosa, o European Board of Anaesthesiology (EBA) desenvolveu um documento que, atualizado em 2017, traz recomendações com base em evidências capazes de dirimir os problemas de segurança em anestesia nos cuidados intensivos. Intitulado “Recommendations for safe medication practice” (4), o material traz detalhes sobre preparação, embalagem e rotulagem de medicamentos; contaminação; transmissão de infecções; sistemas de armazenamento; distrações; relatório de incidentes; e sistemas de controle.

Na atualização de 2017 publicada pelo European Journal of Anesthesiology (5), são enfatizados temas considerados extremamente importantes, entre eles:

  • O EBA recomenda que seringas pré-preenchidas sejam utilizadas sempre que possível
  • Os rótulos nunca devem ser colocados em seringas vazias;
  • Seringas devem ser rotuladas imediatamente após terem sido preenchidas e antes de deixarem as mãos do operador;
  • Medicamentos de alto risco, como agentes anestésicos, devem ser armazenados separadamente;
  • Recipientes abertos para medicamentos, como cuba rim e bacias, deixaram de ser recomendados para o campo estéril porque seu uso foi associado a uma série de erros fatais;
  • As linhas de infusão devem ser lavadas para remoção de resíduos de fármacos anestésicos para que não sejam administrados inadvertidamente na sala de recuperação ou nas enfermarias, sendo que esse fato pode desencadear incidentes graves;
  • Distrações são importantes causas de erros de medicação e todos os membros da equipe devem tentar minimizar o risco.

Porém, mesmo com diversas recomendações e protocolos capazes de reduzir as chances de falhas, nem sempre há adesão suficiente para que o resultado seja notável. Durante o webinar de Segurança de Medicamentos da European Society of Anaesthesiology and Intensive Care, realizado no início de 2020 na Bélgica, foram detectadas algumas lacunas de conhecimento quanto à essas diretrizes.

Com 280 respondentes, a pesquisa (6) identificou que algumas práticas eram adotadas por menos de 50% dos especialistas. Menos da metade dos participantes afirmaram usar seringas pré-preenchidas, ação que traz inúmeros benefícios como remover fatores humanos relacionados a preenchimento e identificação corretos, diminuir risco de contaminação, e reduzir custos. Além disso, outros pontos que merecem destaque foram observados. Entre os respondentes, 21% confirmaram identificar as seringas antes de preenchê-las e 18% disseram não haver um processo definido.

Por fim, artigo publicado na Revista Brasileira de Anestesiologia (7) reforça que “a melhor maneira de tratar esses erros é impedi-los”. Enfatiza que eles podem ser desencadeados por inúmeros motivos que vão desde a falta de experiência e a baixa vigilância até o estresse gerado pelo ambiente cirúrgico. Além disso, reforça a necessidade de que toda a equipe de anestesia seja treinada para preparar, rotular e distribuir medicamentos e que nenhum erro é cometido intencionalmente, porém todos os esforços para redução de riscos devem ser abraçados a fim de salvar vidas e, inclusive, evitar implicações médico-legais para os profissionais de saúde.

** Essa matéria integra a série “Segurança na Anestesia e Sedação” que, patrocinada pela Aspen Pharma, traz uma sequência de conteúdos científicos sobre segurança do paciente crítico em uso de medicamentos de alto risco como os fármacos sedativos e anestésicos.

Referências:

(1) The third WHO Global Patient Safety Challenge: Medication Without Harm

(2) Evaluation of Perioperative Medication Errors and Adverse Drug Events

(3) The Frequency and Nature of Drug Administration Error during Anaesthesia

(4) EBA Recommendations for safe medication practice

(5) The European Board of Anaesthesiology recommendations for safe medication practice – First update

(6) Highlights Euroanesthesia 2020 – Volume 01

(7) Medication errors in anesthesia: unacceptable or unavoidable?

 

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