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Avaliação de riscos na UTI: um modelo de mapeamento de processos e análise

Avaliação de riscos na UTI: um modelo de mapeamento de processos e análise
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Modelo de desenvolvido pela Johns Hopkins University: avaliação de riscos e mapeamento de processos ajudam a identificar lacunas na prevenção de eventos adversos
Modelo de desenvolvido pela Johns Hopkins University: avaliação de riscos e mapeamento de processos ajudam a identificar lacunas na prevenção de eventos adversos

 

Transformar centenas de ações diárias em um processo padronizado e rastreável é uma maneira de flagrar lacunas que podem levar a erros e de evitá-los. Mas é também um desafio. Em sua edição de edição de dezembro, o Journal of Patient Safety publicou um modelo (1), desenvolvido por pesquisadores da Johns Hopkins University, para ajudar no mapeamento de processos para prevenção de eventos adversos e na avaliação de riscos em unidades de terapia intensiva (UTIs).

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“Com muita frequência recorremos ao heroísmo e à vigilância humana para prevenir riscos aos pacientes. Quando consideramos todos os danos potenciais que podem ocorrer a um paciente durante uma internação na UTI, essa abordagem rapidamente se torna insustentável”, escreveram os autores do modelo no artigo do Journal of Patient Safety.  “Cada tipo de dano tem uma lista de verificação com várias tarefas, e algumas tarefas podem precisar ocorrer várias vezes ao dia, exigindo dezenas de medidas todos os dias para evitar esses danos.”

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A estrutura ajuda a inventariar as atividades e os fluxos de trabalho necessários para eliminar sete dos eventos a que os pacientes estão mais sujeitos em uma UTI: tromboembolismo venoso (TEV), infecção de corrente sanguínea associada a cateter central, delirium, fraqueza muscular adquirida na UTI, eventos associados à ventilação mecânica, cuidados inconsistentes com os objetivos para o paciente, perda de dignidade.

A abordagem é bastante simples, a princípio. São quatro passos para fazer a análise de risco:

1º passo – Avaliação de riscos
A que tipos de riscos o paciente está sujeito?

2º passo – Medidas preventivas
Quais cuidados o paciente deve receber para evitar esses riscos?

3º passo – Monitoramento e feedback
O paciente recebeu os cuidados preventivos?

4º passo – Aprendizado e compartilhamento
A comunicação e/ou aprendizado são adequados?

No caso da análise de risco para TEV, o esquema ficaria assim:

1º passo – Avaliação de riscos
* Ocorrência de TEV

2º passo – Medidas preventivas
Profilaxia medicamentosa
Profilaxia mecânica
Fisioterapia
* Avaliação de cateter central

3º passo – Monitoramento e feedback
* Conferir profilaxia medicamentosa e/ou mecânica

4º passo – Aprendizado e compartilhamento
* Comunicação com o paciente e família

Depois, para cada um dos processos encontrados, é preciso responder a sete perguntas: quem faz, o que faz, quando faz, como faz, como deve ser feito idealmente, como garantir a competência de quem faz e qual critério ou critérios deve ser usado para indicar que a ação não foi cumprida adequadamente.

O exemplo abaixo é a mapeamento do processo para evitar a ocorrência de TEV:

 Análise de risco Quem faz O que faz Quando faz Como

faz

Como fazer idealmente Como garantir a competência do executor Critérios de não execução
Ocorrência de TEV Prescritor autorizado Avaliação de risco para trombose venosa profunda Na admissão ou na alteração de condição do paciente No sistema de registro eletrônico Alarme automático no sistema de registro eletrônico se estiver incompleto Política do hospital, registro em entidades de classe Paciente não tem profilaxia mecânica ou medicamentosa

É preciso repetir esse mesmo questionário para cada um dos aspectos encontrados no primeiro mapeamento: profilaxia medicamentosa, profilaxia mecânica, fisioterapia, avaliação de cateter central, checar profilaxia medicamentosa e/ou mecânica, comunicação com o paciente e família.

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Ao final, a sobreposição de todos esses fluxos de processos dá origem a um diagrama bastante complexo, mas que permite eliminar repetições, otimizar ações que podem ser feitas conjuntamente e implantar alarmes para falhas.

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Esse tipo de abordagem deriva do campo da engenharia de sistemas, uma área que surgiu para ajudar a controlar ambientes cada vez mais complexos, justamente como o de hospitais e UTIs (2). É preciso levar em consideração que todos os sistemas emergem da relação entre pessoas, equipamentos, instalações, políticas e documentos. A análise do sistema criado por essas interações revela as qualidades, características, funcionamento, comportamento e desempenho do sistema.

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Quando processos são sobrepostos dão origem a estruturas que podem ser transferidas com mais facilidade para sistemas automatizados. Eles incorporam as práticas que estão mais na cabeça da equipe – apesar dos registros eletrônicos – do que em modelos estruturados de atendimento e que são, portanto, sujeitas a falhas. Com ajuda do mapeamento de processos e análise de riscos, é possível fazer os registros eletrônicos servirem exatamente às necessidades da equipe – e dos pacientes.

(Marcela Buscato)

 

SAIBA MAIS

(1) Romig, M., Tropello, S. P., Dwyer, C., Wyskiel, R. M., Ravitz, A., Benson, J., … Sapirstein, A. (2018). Developing a Comprehensive Model of Intensive Care Unit Processes. Journal of Patient Safety, Vol.14 i4.

(2) Tropello, S. P., Ravitz, A. D., Romig, M., Pronovost, P. J., & Sapirstein, A. (2013). Enhancing the Quality of Care in the Intensive Care Unit. Critical Care Clinics, 29(1), 113–124.doi:10.1016/j.ccc.2012.10.009

 

 

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