Dia Nacional de Combate ao Câncer
Cuidar de pessoas e promover melhora na qualidade de vida são algumas das responsabilidades dos profissionais da área médica. Mas esses objetivos podem ser dificultados quando o acesso à informação não é eficiente. Campanhas como a do Dia Nacional de Combate ao Câncer ajudam na propagação de conhecimento para leigos e engajamento de profissionais da área médica.
Em entrevista exclusiva ao IBSP – Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente, Dr. Daniel Fernandes Saragiotto, médico oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Hospital Sírio Libanês, fala sobre ações de conscientização e mitos que ainda giram em torno do diagnóstico de câncer.
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IBSP – Qual o impacto efetivo de campanhas como o Dia Nacional de Combate ao Câncer para conscientização de prevenção e diagnóstico precoce da doença?
Daniel Fernandes Saragiotto – O maior impacto é trazer para discussão no dia a dia das pessoas a questão do câncer. Sabemos que o câncer por muitos anos foi um tabu para as pessoas debaterem. Fazer algo que permita as pessoas conversarem durante o trabalho, almoço ou nas mídias sociais colabora muito para a desmistificação da doença.
IBSP – Qual a importância do engajamento da equipe médica nesse tipo de campanha?Saragiotto – O médico representa a pessoa que contém o conhecimento sobre a doença, mas que muitas vezes suas falas são muito técnicas. Em geral, movimentos como estes fazem com que o médico participe de debates, reportagens, etc., em que pode trazer as informações de uma maneira mais acessível ao leigo.
IBSP – Existem ações que tenham mais receptividade por parte dos pacientes nessa época?Saragiotto – Acredito que ações que envolvam a participação de pacientes que já tiverem ou têm a doença chamem mais a atenção das pessoas. Sempre é bom falar com alguém que já passou pelo problema.
IBSP – Atualmente, a população tem mais consciência de prevenção da doença e prognósticos em caso de diagnóstico precoce? As campanhas ajudam nisso?
Saragiotto – Cada vez mais as pessoas vão ganhando esta consciência. Como citei, no passado câncer era algo para ser temido e jamais falado. Hoje o cenário já mudou muito, para melhor, mas está ainda muito aquém do que poderia ser. Acredito que informações básicas de saúde e prevenção (não apenas do câncer) deveriam fazer parte do currículo das escolas. Se nos recordarmos do que aprendemos na nossa infância na sala de aula perceberemos que alguns conhecimentos não são importantes na vida adulta, mas saber sobre promoção de saúde, prevenção ou de como agir frente a alguém que desmaia na rua poderia sem dúvida salvar muitas vidas.
IBSP – As campanhas também ajudam profissionais da área médica na abordagem e tratamento dos pacientes?
Saragiotto – Sim, sabemos que há também uma deficiência nas escolas médicas e de outros profissionais de saúde sobre informações sobre o câncer e seu tratamento. Também noto o medo de profissionais de saúde que não tratam a doença em abordar os pacientes sobre isso e estas campanhas ajudam a quebrar esse medo.
IBSP – Ainda existem muitos mitos acerca do câncer? Quais os principais?
Saragiotto – Sem dúvida. Não raro temos que explicar mitos falsos sobre o câncer, como, por exemplo, que não é algo contagioso; que deve ser tratado (o mito de que não se deve mexer na doença ainda existe); que pode ser curado com tratamento adequado e que, mesmo quando incurável, em muitos casos pode ser tratado, permitindo à pessoa uma vida normal como de qualquer doente portador de uma doença crônica.
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