Após observar estudos publicados na última década, pesquisadores apontam o procedimento como aliado seguro na perda de peso corporal e melhoria de parâmetros metabólicos
A primeira cirurgia bariátrica que se tem notícia no mundo foi realizada na década de 1950. Desde então, com o avanço da medicina e dos estudos, o procedimento foi ganhando cada vez mais segurança, tornando-se uma abordagem terapêutica importante para indivíduos com obesidade. Para entender se a cirurgia de fato é o melhor caminho para pacientes que necessitam de rápida redução de peso – até mesmo para tratar comorbidades como a diabete – uma revisão sistemática de ensaios clínicos avaliou desfechos dos últimos 10 anos.
O objetivo do estudo foi comparar três tipos de cirurgia bariátrica (bypass gástrico, gastrectomia vertical ou sleeve e banda gástrica ajustável) com tratamentos não cirúrgicos que envolviam dieta, prática rotineira de exercícios físicos e medicamentos para redução de peso.
Os resultados analisados envolviam perda de peso corporal, remissão da diabete e alterações nos marcadores tanto de dislipidemia quanto de hipertensão. Os eventos adversos também foram computados e avaliados. De forma geral, os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica obtiveram melhorias mais importantes dos parâmetros metabólicos, com ocorrência bastante baixa de complicações, reoperações e mortalidade.
Resultados detalhados
Os procedimentos cirúrgicos se mostraram mais eficazes para a perda de peso tanto no curto (até dois anos após a intervenção) quanto no longo prazo (até 10 anos após a intervenção). Nos primeiros dois anos, enquanto o bypass gerou perda de peso média de 28,4%, a gastrectomia vertical promoveu perda de 25,7% e a banda gástrica de 17%. Paralelamente, o tratamento clínico gerou perda de peso em torno de 6,7%.
Nos anos seguintes, a perda de peso permaneceu praticamente preservada em todas as modalidades, sendo que os pacientes submetidos ao bypass tiveram redução de 25,3%, os da gastrectomia vertical de 18,6%, os da banda gástrica de 12,8% e os que vivenciaram o tratamento não cirúrgico de 5,1%.
Quanto à remissão da diabete, os pesquisadores observaram que os pacientes submetidos à bariátrica tiveram remissão significativa, enquanto apenas um pequeno grupo de participantes submetidos ao tratamento clínico conseguiu esse feito. O bypass gerou 47% de remissão, a gastrectomia vertical 42%, a banda gástrica 25% e o tratamento medicamentoso somado a mudanças no estilo de vida apenas 5%.
Considerando as limitações do estudo, as taxas de dislipidemia, no entanto, não apresentaram diferenças tão significativas entre os grupos cirúrgicos e clínico. O mesmo cenário para as taxas de hipertensão, já que aparentemente o impacto da cirurgia bariátrica foi modesto nos índices de pressão arterial.
Entre as complicações, houve variação conforme o tipo de procedimento a que o paciente foi submetido, sendo que nessa análise foram comparados apenas os procedimentos bypass e gastrectomia vertical. Naqueles que passaram pelo bypass, as complicações precoces (ocorridas nos primeiros 30 dias) foram mais presentes, a uma taxa de 15%. Enquanto isso, complicações tardias ocorreram prioritariamente nos pacientes da gastrectomia vertical (57%). Reoperação foi um desfecho raro, não ultrapassando 2% em qualquer tipo de procedimento.
Já entre eventos adversos, também houve bastante divergência nos achados. Pacientes do grupo de bypass tiveram maior incidência de obstrução intestinal e de síndrome de dumping; enquanto pacientes de gastrectomia vertical, de doença do refluxo gastroesofágico. Nos estudos analisados, houve somente uma morte em decorrência da cirurgia bariátrica.
Referência
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