Pronto-socorro lotado: qual a solução?
Lucas Santos Zambon
A superlotação de pronto-socorros é um dos maiores problemas que um hospital enfrenta e não é exclusividade de nenhum hospital. Ela reduz o acesso oportuno ao médico e afeta negativamente a assistência ao paciente. Ocorre em diversos países do mundo, em serviços públicos e privados. Não é nenhum segredo que a superlotação ocorre por uma impossibilidade dos recursos (humanos e de espaço principalmente) suprirem a demanda. Uma verdadeira situação de catástrofe.
Principalmente nos EUA, diversos serviços vem tentando criar estratégias para minimizar a superlotação, e mitigar o impacto em termos de segurança do paciente. Em um recente estudo retrospectivo em relação à soluções criadas por setores de emergência de hospitais nos EUA, foram avaliados os impactos em relação à média de permanência dos pacientes no pronto-socorro. Foram 341 serviços estudados entre os anos de 2007 e 2010. Tanto soluções feitas no pronto-socorro, quanto no hospital como um todo foram levantadas. Interessante notar é que os serviços adotam em média pelo menos 3 ações/soluções para o pronto-socorro e outras 3 ações/soluções em nível institucional para conter a superlotação. Isso significa um conjunto de 6 intervenções associadas para gerar resultados. Vamos verificar quais são as intervenções a a frequência com que os serviços as utilizam.
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Intervenções na Emergência
- Registro no leito (79,2% de uso nos serviços estudados): ao invés de completar o registro na chegada, ele é completado enquanto o paciente está em um leito/local de espera para os exames a serem feitos. Esse processo paralelo diminui o tempo de espera e de permanência;
- Painel Eletrônico (51,9%): o uso de um sistema de rastreamento eletrônico centralizado para monitorar pacientes do PS melhora o fluxo e diminui o tempo de espera, fazendo com que a posição de pacientes e os processos sejam visíveis para todos;
- Triagem computadorizada (49,3%): a utilização de algoritmos electrônicos aumenta a confiabilidade da triagem e reduz o tempo desta etapa e o tempo no geral;
- Zoneamento de enfermagem (44,6%): garante que todos os pacientes de um enfermeiro estejam em uma mesma área, o que reduz o tempo gasto movendo-se entre as áreas de atendimento ao paciente;
- Fast Track (39,7%): tendo uma área separada para pacientes com doenças ou ferimentos sem gravidade permite que os recursos sejam melhor alocados às necessidades dos pacientes, o que impacta em fluxo e diminuição da permanência no pronto-socorro;
- Aumentar os espaços de leitos no PS (23,6%): aumentando o número de leitos no PS inicialmente reduz a superlotação, mas paradoxalmente, em seguida, leva ao aumento da aglomeração e tem sido associado com o aumento do tempo para internação em leito;
- Aumentar a área física do PS (23,1%): expansão do espaço para se adequar ao volume do PS só é eficaz se for acompanhada de pessoal adequado e feita de forma estratégica;
- Ter uma unidade de observação no PS (21,1%): permite a observação prolongada, diagnóstico e tratamento de pacientes que não necessitam de internação, o que pode reduzir o número de internações de curta duração;
- Rastreamento por RFID (20,7%): a marcação de pacientes com RFID permite a sua localização no PS, melhora a segurança do paciente e fluxos adequados. A tecnologia de RFID (radio frequency identification – identificação por radiofreqüência) nada mais é do que um termo genérico para as tecnologias que utilizam a freqüência de rádio para captura de dados. Por isso existem diversos métodos de identificação, mas o mais comum é armazenar um número de série que identifique uma pessoa ou um objeto, ou outra informação, em um microchip.
Intervenções no Hospital
- Disponibilidade do censo de leitos (83,4% de uso nos serviços estudados): um sistema disponível para a equipe da emergência ficar ciente da capacidade do hospital e do número e tipo de leitos disponíveis;
- Evitar admissões eletivas (79,2%): esta política cancela ou atrasa internações eletivas, permitindo prioridade para as internações do pronto-socorro;
- Grupos extras de enfermagem (60,0%): criar equipes suplementares de enfermagem em um horário flexível que trabalham dependendo do volume de pacientes e da necessidade de recursos humanos;
- Gerente de leitos (59,2%): uma pessoa cujo trabalho é gerenciar o uso dos leitos de todo o hospital para fazer coincidir a disponibilidade de leitos com a necessidade do paciente. A pessoa é responsável pela transferência rápida dos pacientes do pronto-socorro para leitos do hospital;
- Protocolo para capacidade total (45,6%): este é um protocolo para mover pacientes internados no PS para áreas de internação para espalhar a carga de pacientes para fora do PS. Esta intervenção não é associada com danos aos pacientes e está alinhado com as preferências dos pacientes para ir para outros setores ao invés de ficar no PS;
- Colocar pacientes em corredores das unidades de internação (23,8%): uma política agressiva para mover pacientes internados no PS para os corredores nas unidades de internação, ao invés de deixá-los internados no PS. Este é um componente do protocolo para capacidade total;
- Sala de operação separada para casos do PS (4,8%): dedicando uma sala de operação com pessoal cirúrgico adequado aos casos de PS facilita-se o fluxo de pacientes;
- Nivelamento da programação cirúrgica (4,6%): planejando horários cirúrgicos para coincidir com a disponibilidade de leitos para internação, incluindo agendamento de cirurgias eletivas distribuídas de forma mais homogênea para os sete dias da semana, agendando cirurgias de alta complexidade durante a semana. Isso reduz a variabilidade artificial no fluxo de pacientes através da gestão das internações eletivas.
Referência
Saiba mais:
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