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Contenção física e segurança do paciente – Como agir?

Contenção física e segurança do paciente – Como agir?
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Há um debate bastante forte no setor de saúde quanto ao uso de contenção física no ambiente crítico, que, em geral é feita com dispositivos que reduzem ou impedem que o paciente se movimente, minimizando o acesso ao seu próprio corpo. Hoje, a prática é tida como antiética e inadequada por muitos profissionais, porém ainda há quem a defenda por acreditar que em determinadas situações, é a única maneira de evitar problemas como a perda ou o deslocamento de dispositivos e a interrupção de tratamentos.

Mas o que dizem as evidências? A contenção física de fato previne alguns dos principais problemas? Ou ela está muito mais associada a efeitos negativos como aumento do delirium, do tempo de internação e até mesmo óbito?

Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) sugere a redução do uso de contenção física, direcionamento que está aparentemente alinhado com as práticas que incentivam uma assistência cada vez mais humanizada. Portanto, sabemos que a tendência é que a contenção física seja cada vez menos utilizada na assistência de qualidade.

Para tal, está disponível na literatura um manual com diretrizes (1) baseadas em evidências para mudança no uso de contenção física nos pacientes críticos. Reforçando que o conhecimento do profissional e as características do paciente influenciam a decisão, o documento enfatiza a importância do enfermeiro nessa assistência, já que ele é capaz de identificar pacientes de alto risco e avaliar potenciais comportamentos inseguros.

Essas diretrizes, que sugerem que “as evidências não suportam a eficácia das contenções físicas para muitos dos propósitos para os quais elas são utilizadas”, trazem detalhes de como os enfermeiros podem fazer para mensurar o risco: analisar o histórico do paciente, fatores fisiológicos, preocupações psicológicas, uso de medicamentos e o ambiente em que ele se encontra.

Além disso, listam intervenções que podem ser aderidas para reduzir a necessidade da contenção física. Entre elas estão fornecer tratamento adequado para dor, maximizar a comunicação, oferecer distrações e remover perigos diretos.

Publicada pela Revista Brasileira de Enfermagem, uma revisão integrativa (2) analisa as boas práticas para contenção física nas unidades de terapia intensiva e lista indicações, complicações e estratégias alternativas à essa ferramenta. Comenta, também, que os dispositivos removidos com mais frequência pelos pacientes são tubo gástrico, dispositivos intracranianos e tubos endotraqueais, sendo que em 81,6% dos casos o paciente retirou esses dispositivos sozinho.

O cenário é exemplificado em um artigo recentemente publicado pelo JAMA Network que questiona: “restringir ou não restringir”? Assinado por pesquisadores norte-americanos, o texto (3) traz o caso de um paciente com 80 anos, hipertensão e diabetes admitido na UTI com insuficiência respiratória em decorrência da covid-19. Ao longo de sua hospitalização, esse paciente passou por diversas intubações que desencadearam pneumonia associada à ventilação mecânica e outras condições que levaram à necessidade de colocação de dreno torácico.

Enquanto esteve intubado, por muitas vezes o paciente puxava os tubos e os acessos. Para tentar resolver essa questão, a equipe ajustou os medicamentos sedativos, inclusive adicionando alguns outros fármacos. Mesmo assim, não foi suficiente. Houve a extubação novamente e ele teve de ser reintubado em caráter de emergência. Na sequência, contenções físicas foram adicionadas a fim de mantê-lo seguro. O tipo de situação exemplificada nesse artigo é realidade em muitas UTIs e continua sendo um desafio no manejo seguro de doentes críticos, uma vez que há riscos a serem gerenciados sob quaisquer circunstâncias.

Dessa forma, o debate segue ativo e as instituições de saúde devem atuar para reduzir o uso da contenção física em ambientes de cuidados em saúde, mas sem esquecer de realizar uma apropriada gestão de riscos quanto à segurança do paciente.

Referências:

(1) Evidence-Based Practice Guideline: Changing the Practice of Physical Restraint Use in Acute Care

(2) Boas práticas para restrição física em unidades de terapia intensiva: revisão integrativa

(3) To Restrain or Not to Restrain – A Teachable Moment

 

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