Focada na atenção primária, a Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, por meio de seu Centro de Medicina Baseada em Evidências, publicou um artigo[1] sobre a eficácia das máscaras cirúrgicas em comparação com as máscaras n95 no combate à contaminação pelo novo coronavírus.
O texto reforça que não há, na literatura, ensaios clínicos comparativos sobre o uso desses equipamentos em infecções diretas por coronavírus, portanto foram utilizadas evidências comparativas do uso de máscaras cirúrgicas e n95 em contextos de influenza e outras condições respiratórias. O que faz com que as indicações sejam baseadas em evidências indiretas, além de opinião de especialistas.
Descartáveis, as máscaras cirúrgicas fornecem uma barreira a respingos e gotículas que podem atingir a boca, o nariz e o trato respiratório do usuário. Devem ser trocadas com frequência, sempre que ficarem úmidas ou danificadas. Já as máscaras n95 são utilizadas para impedir que o usuário inale pequenas partículas transportadas pelo ar em procedimentos com geração de aerossóis. Deve sempre estar firmemente encaixada no rosto para o mais alto nível de proteção.
Um dos principais pontos desta publicação de Oxford está em enfatizar que as máscaras devem ser entendidas como uma parte de toda uma intervenção mais complexa que envolve, também, proteção para os olhos, aventais descartáveis, luvas e medidas comportamentais adequadas ao controle de infecções como higiene das mãos.
Qual é mais eficiente?
As recomendações do Ministério da Saúde[2] brasileiro indicam que as máscaras n95 devem ser utilizadas apenas em procedimentos produtores de aerossóis. Em outros atendimentos, o padrão deve ser utilizar a máscara cirúrgica somada a outros equipamentos como luvas, gorros e aventais descartáveis.
A revisão apresentada por Oxford valida esse posicionamento. Segundo o estudo, a máscara n95 é altamente eficaz para proteger o profissional de saúde contra pequenas partículas transportadas pelo ar em procedimentos como a intubação. Porém, quando se trata de procedimentos não geradores de aerossóis, não há evidências de que esse tipo de máscara agregue valor à máscara cirúrgica padrão.
Eles se baseiam em uma análise recente realizada pela Cochrane Library chinesa que incluiu seis ensaios clínicos randomizados totalizando 9.171 pacientes infectados com doenças gripais e concluiu que não houve diferenças significativas no uso dos dois modelos de máscara na prevenção de infecções virais respiratórias semelhantes à influenza. A única mudança por eles aponta é que a máscara n95 parece proteger contra a colonização bacteriana.
Procedimentos geradores de aerossóis[3]:
- intubação ou aspiração traqueal
- ventilação mecânica invasiva e não invasiva
- ressuscitação cardiopulmonar
- ventilação manual antes da intubação
- coletas de amostras nasotraqueais
Importante
Um achado importante da publicação está na percepção de um estudo recente que afirma que o SARS-CoV-2 (que causa a COVID-19) sobrevive no ar enquanto o SARS-CoV-1 (que causa a SARS) persistiu por mais tempo na superfície quanto aerossolizado artificialmente. Assim, o estudo sugere que as partículas podem ficar no ar quando agitadas.
Orientações para uso de máscaras cirúrgicas
Protocolo de Manejo Clínico do novo coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à saúde publicado em março pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde, traz uma lista de orientações sobre a utilização correta das máscaras cirúrgicas:
- Coloque a máscara com cuidado para cobrir a boca e o nariz e amarre com segurança para minimizar as lacunas entre o rosto e a máscara;
- Enquanto estiver utilizando a máscara, evite tocá-la;
- Remova a máscara usando técnica apropriada (ou seja, não toque na frente, mas remova o laço ou nó da parte posterior);
- Após a remoção, ou sempre que tocar em uma máscara usada, higienize as mãos com água e sabão ou álcool gel, se visivelmente suja;
- Substitua a máscara por uma nova máscara limpa e seca assim que estiver úmida ou danificada;
- Não reutilize máscaras descartáveis;
- Descarte em local apropriado as máscaras após cada uso;
- Troque de máscara após atender novos pacientes.
Referências:
[1] What is the efficacy of standard face masks compared to respirator masks in preventing COVID-type respiratory illnesses in primary care staff?
[2] Protocolo de Manejo Clínico do novo coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à saúde
[3] Coren – Covid-19: tire suas dúvidas relacionadas a EPIs e outros temas
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