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Entenda o câncer de pâncreas que acometeu Steve Jobs

Entenda o câncer de pâncreas que acometeu Steve Jobs
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No caso particular do Steve Jobs, embora não haja dados precisos, acredita-se que ele recusou as opções formais de tratamento e buscou um tratamento alternativo

Câncer pode ser uma doença devastadora. Ainda mais quando se busca tratamentos alternativos que reduzem as chances de cura. O Dr. Ricardo Caponero, médico oncologista da CLINONCO – Clínica de Oncologia Médica, em São Paulo, comenta o caso do inventor, empresário e magnata americano no setor da informática Steve Jobs.

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IBSP – O câncer de pâncreas, doença que acometeu Steve Jobs, da Apple, é altamente letal. Por quê?
Ricardo Caponero – Há vários tipos de neoplasia de pâncreas. O tipo mais frequente é o adenocarcinoma, com prognóstico reservado quando o diagnostico é feito nas fases mais avançadas da doença. Não era esse o caso do Steve Jobs, que teve o diagnóstico de uma neoplasia neuroendócrina do pâncreas, que tem um prognóstico muito mais favorável. A gravidade depende do caso e depende do grau de malignidade da doença, variando do tumor neuroendócrino, de comportamento quase benigno, até a neoplasia neuroendócrina, com prognóstico que piora em função da taxa de células que se encontram em divisão (mitose). No caso particular do Steve Jobs, embora não tenhamos informações precisas, parece que ele recusou as opções formais de tratamento e buscou um tratamento alternativo.

IBSP – A ausência de sintomas contribui para o diagnóstico tardio?
Ricardo Caponero – Evidentemente sim. Por ser uma doença “silenciosa” nas fases iniciais, o diagnóstico geralmente é feito em fases avançadas da doença, ou numa eventualidade, quando a investigação de uma queixa não relacionada com a doença acaba por evidenciá-la.

IBSP – Existe alguma forma de rastrear este tipo de câncer a fim de garantir maior chance de cura?
Ricardo Caponero – Infelizmente não. Até o momento não há nenhuma recomendação oficial para o rastreamento nem do adenocarcinoma do pâncreas (o mais frequente), nem para as neoplasias neuroendócrinas.

IBSP – A ressecção completa do pâncreas ajuda na sobrevida do portador deste tipo de câncer?
Ricardo Caponero – É o tratamento de escolha e praticamente o único com intenção curativa.
No caso das neoplasias neuroendócrinas, se localizadas no corpo ou cauda do pâncreas, em alguns casos a ressecção parcial do pâncreas pode ser possível.

IBSP – Como se encaixam a radio e a quimioterapia?
Ricardo Caponero – Aqui é importante a distinção entre os tipos de neoplasia do pâncreas. O tratamento diverge muito em função disso. Se nos restringirmos ao carcinoma neuroendócrino, como no caso do Steve Jobs, a radioterapia tem pouquíssimo papel, a quimioterapia tradicional tem pouca eficiência, mas temos tratamentos novos com uma classe de medicamentos chamados de inibidores de tirosinocinases. Para o adenocarcinoma tanto a radio como a quimioterapia podem ter um papel potencial.

IBSP – Quando não se recomenda nem a cirurgia de extração do órgão?
Ricardo Caponero – Quando a doença é irressecável por invasão local dois órgãos vizinhos, quando já há metástases à distância, ou quando o estado geral do paciente não é compatível com uma cirurgia de grande porte.

IBSP – Como o prognóstico é ruim normalmente, muitas vezes se busca apenas controlar a evolução do paciente? Como?
Ricardo Caponero – Através de medicamentos que possam retardar a progressão da doença e cuidados de suporte (ou seja, cuidados paliativos) que devem prevenir sintomas, na medida do possível, e tratá-los de forma impecável, propiciando a melhor qualidade de vida possível.

IBSP – A gemcitabina mostrou-se uma importante arma terapêutica para aumentar a sobrevida em até dez anos dos pacientes. O senhor a considera uma terapia adjuvante pós-operatória em câncer de pâncreas avançado?
Ricardo Caponero – Para pacientes que não receberam tratamento quimioterápico pré-operatório, foram submetidos à ressecção completa e apresentem bom estado geral, a gemcitabina é uma das opções de tratamento com boa evidência científica e bom grau de recomendação para essa situação. Não é a única possibilidade, mas é uma das melhores opções.

IBSP – Quando se coloca os pacientes sob medicação imunossupressora, há sempre o risco de que elas retirem a resistência natural, então o câncer consegue crescer mais rápido?
Ricardo Caponero – Sim. Isso vale para as neoplasias em geral. A imunossupressão está diretamente relacionada com o surgimento e a maior agressividade das neoplasias.

 

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