Conceito defende intervenção para evitar risco de overtreatment e interromper supermedicalização
Se a falta de cuidados médicos pode ser fatal para pacientes, tratamentos excessivos e inadequados são ainda mais perigosos. O chamado overtreatment consiste em tentar combater doenças em que o tratamento traz mais malefícios do que benefícios para o doente. Ou seja, são casos em que controlar a evolução e fazer acompanhamento seria mais adequado do que entrar com excesso de medicação e intervenções.
Essas ações normalmente são desencadeadas por uma reação em cadeia originada pelos overdiagnosis. “É preciso saber primeiro se aquele diagnóstico vai ter a capacidade de beneficiar ou prejudicar”, afirma Dr. Luis Claudio Correia, doutor em Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia e Livre-Docente em Cardiologia pela mesma instituição. “Quando se faz o overdiagnosis é difícil parar o processo aí. Normalmente, evolui para o overtreatment. É preciso avaliar se existe eficácia no tratamento que será proveniente daquele diagnóstico”, completa.
Quando isso acontece, entra em ação a chamada prevenção quaternária, que é a detecção de indivíduos em risco de tratamento excessivo para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas, além de alternativas mais éticas para resolução do problema. “A prevenção quaternária deveria primar sobre qualquer outra opção preventiva ou curativa. Na prática, é utilizar serviços e tecnologias apenas quando for provável que os benefícios superem os riscos”, explica Dr. Rodrigo Diaz Olmos, doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo e professor assistente do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP.
No Brasil, a implantação desse conceito ainda caminha a passos lentos, principalmente por causa da forma como as instituições de saúde são remuneradas. Como o pagamento do sistema é feito por procedimento em vez de bonificar a qualidade na assistência, quanto mais exames e intervenções são feitas – necessárias ou não – maior é o lucro. O ideal seria a integração das quatro esferas de prevenção. Confira quais são elas:
Prevenção primária: Evita ou elimina a causa de um problema de saúde antes dele ocorrer.
Prevenção secundária: Evita o desenvolvimento do problema de saúde desde o estágio inicial para encurtar sua duração.
Prevenção terciária: Reduz o efeito ou prevalência de um problema de saúde crônico por meio da diminuição o dano causado.
Prevenção quaternária: Identifica um indivíduo em risco de supermedicalização para protegê-lo de uma nova invasão médica e sugerir a ele intervenções eticamente aceitáveis.
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