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Erros de medicação e eventos adversos em UTIs da pediatria e neonatologia exigem maior vigilância

Erros de medicação e eventos adversos em UTIs da pediatria e neonatologia exigem maior vigilância
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Revisão sistemática mostra altas taxas de incidentes, com destaque para erros de prescrição e dosagem, além da forte associação a medicamentos de alto risco 

Pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs), especialmente na neonatologia e na pediatria, apresentam risco elevado de erros de medicação e eventos adversos evitáveis relacionados a medicamentos. Para entender esse cenário, uma revisão sistemática publicada em 2019 analisou 35 estudos empíricos sobre a prevalência e a natureza desses incidentes.

O tema, alinhado ao Dia Mundial do Paciente de 2025 definido pela OMS, demanda atenção global. Isso se deve tanto à complexidade clínica, já que recém-nascidos e crianças têm funções fisiológicas instáveis e metabolismo imaturo, quanto ao ambiente de alta demanda assistencial e à frequente utilização de fármacos off-label, com informações limitadas sobre dosagem.

Eventos adversos e erros de medicação em pediatria

Nas UTIs pediátricas, a taxa global de erros de medicação variou de 6,4 a 9,1 por 1.000 dias-paciente e de 14,6 por 100 prescrições. Os erros de prescrição foram os mais comuns, seguidos por falhas de dosagem e documentação. Entre os erros de administração, destacaram-se “hora errada” e “via errada”. Não houve diferenças significativas entre hospitais que utilizavam prescrição eletrônica e os que mantinham registros em papel.

Já os eventos adversos evitáveis relacionados a medicamentos variaram de 21 a 29 por 1.000 dias-paciente, em sua maioria categorizados como de baixo impacto. Os maiores riscos estiveram associados a anti-infecciosos, medicamentos cardiovasculares, sedativos, fluidos intravenosos, agentes respiratórios e diuréticos.

Eventos adversos e erros de medicação em neonatologia

Nas UTIs neonatais, as taxas globais de erros variaram de 4 a 35,1 por 1.000 dias-paciente e de 5,5 a 77,9 por 100 prescrições. Entre as falhas, os erros de dosagem foram os mais prevalentes. Hospitais que utilizavam registros em papel apresentaram índices mais elevados de erros em comparação aos que adotavam sistemas eletrônicos. Já entre os erros de administração, predominaram dose incorreta, omissão, horário inadequado e taxa de infusão errada.

A taxa de eventos adversos evitáveis variou de 0,47 a 14,38 por 1.000 dias-paciente, com parte significativa classificada como grave. Em 14,3% dos casos, houve incapacidade persistente. Os medicamentos mais frequentemente envolvidos foram anti-infecciosos, cardiovasculares, sedativos, fluidos intravenosos, respiratórios, além de folatos e multivitamínicos.

Com base nesses achados, o estudo evidencia que erros de medicação e eventos adversos têm alta prevalência em UTIs pediátricas e neonatais, com destaque para erros de prescrição e administração, especialmente de dosagem. A maioria dos eventos evitáveis envolveu medicamentos de alto risco, como antimicrobianos e cardiovasculares. Em alguns contextos, o uso de prescrição eletrônica mostrou-se associado a menores taxas de erro, sugerindo benefício potencial em sua adoção.

“A segurança no processo medicamentoso em neonatologia é um desafio à parte quando falamos de erros de medicação”, afirma Lucas Zambon, diretor Científico do IBSP. “Devemos ter um mapeamento claro dos processos de prescrição, administração e monitoramento de medicamentos em unidades neonatais, envolvendo equipes médicas, de enfermagem e farmácia clínica, além é claro, de familiares, pois só assim poderemos melhorar a segurança para estes pacientes tão vulneráveis”, conclui.

Referência:

(1) Prevalence and Nature of Medication Errors and Preventable Adverse Drug Events in Paediatric and Neonatal Intensive Care Settings: A Systematic Review

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