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Segurança do Paciente

“Esqueça a eliminação do risco e trabalhe com a gestão”, recomenda René Amalberti

“Esqueça a eliminação do risco e trabalhe com a gestão”, recomenda René Amalberti
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Médico francês especialista em análise de eventos adversos, inclusive com o Protocolo de Londres, acredita que o viés atual de segurança do paciente inclui se arriscar em prol de benefícios ao paciente, mas sempre gerenciando os riscos envolvidos.

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“O desenvolvimento de abordagens estratégicas para o gerenciamento de riscos em tais situações é uma prioridade para o futuro da segurança do paciente”, afirma o médico.

Confira, a seguir, a entrevista exclusiva de René Amalberti ao Portal IBSP.

IBSP: Segurança do Paciente - “Esqueça a eliminação do risco e trabalhe com a gestão”, recomenda René Amalberti
René Amalberti

IBSP – Poderíamos dizer que a ausência de erros e eventos adversos na saúde é uma utopia?
René Amalberti – Não há dúvida que acabar com os erros em um sistema humano, como o da saúde, é utopia. Porém, esse objetivo deve ser diferenciado da ambição de reduzir os eventos adversos. O verdadeiro objetivo da segurança do paciente é um sistema complexo que busca severamente a redução de eventos adversos, priorizando risco zero à saúde do paciente.

Nunca se esqueçam de que, em saúde, o principal objetivo é que as pessoas vivam mais e melhor e, consequentemente, é possível arriscar-se em benefício do paciente o tempo todo. Nesse contexto, esqueçam a simples eliminação de riscos e abracem a ideia de gestão de riscos.

IBSP – Há estratégias especificas que vislumbram o gerenciamento de riscos diários na saúde?
René Amalberti – A visão predominante da melhoria da segurança é aumentar a confiabilidade dos procedimentos básicos. Estes podem ser os procedimentos padrão em salas de cirurgia, prevenção de tromboembolismo venoso ou procedimentos para reduzir infecções. Intervenções para melhorar o sistema de saúde subjacente, como o aumento da automação ou a transferência aprimorada, também são críticas, embora não seja o foco da maioria dos programas de segurança. Esses esforços para otimizar os cuidados e melhorar os padrões são imensamente valiosos, mas não suficientes. O problema que enfrentamos nos cuidados de saúde é que as condições de trabalho são muitas vezes difíceis e nos impedem de oferecer cuidados de qualidade. Nunca seremos capazes de cumprir os padrões básicos o tempo todo e em todos os contextos. E essa realidade não foi confrontada em nossa tentativa de melhorar a segurança.

IBSP – O gerenciamento de riscos é uma prioridade para o futuro da segurança do paciente?
René Amalberti – Precisamos, portanto, abandonar a esperança de que vamos sempre poder fornecer cuidados de qualidade em todas as instancias e formular uma pergunta diferente. Como podemos garantir que os cuidados sejam seguros, mesmo que não sejam ideais, quando as condições de trabalho são difíceis? Como, por exemplo, deve-se administrar um departamento de emergência em momentos de carga de trabalho muito alta ou em emergências maiores, quando o cuidado de alguns pacientes menos doentes está inevitavelmente atrasado ou comprometido. Quais estratégias estão disponíveis para uma jovem enfermeira com uma carga de trabalho absurda, múltiplas demandas concorrentes e muitos pacientes doentes? As pessoas se adaptam e tratam, é claro, mas de forma individual e não com uma estratégia baseada em equipe. O desenvolvimento de abordagens estratégicas para o gerenciamento de riscos em tais situações é uma prioridade para o futuro da segurança do paciente.

IBSP – O caminho é atuar na detecção e na resposta ao risco?
René Amalberti – Sugerimos que a abordagem atual seja baseada na melhoria da segurança, com estratégias voltadas à detecção e resposta ao risco, considerando as difíceis condições de trabalho.
As três abordagens são: controle de risco; monitoramento, adaptação e resposta; e mitigação. Adaptar as estratégias de segurança aos contextos se tornará cada vez mais importante à medida que os cuidados se movem para fora do hospital, chegando à comunidade e ao lar do paciente.

Precisamos encontrar uma visão que traga todas as formas possíveis de gerenciar risco e segurança em um único quadro. As estratégias de otimização melhoram a eficiência e outros aspectos da qualidade, na medida em que melhoram a segurança. Em contrapartida, as estratégias de controle de risco, adaptação e recuperação estão mais preocupadas com a melhoria da segurança.

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