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Ferramentas para gerenciamento de risco – Estudo utiliza FMEA para melhorar coleta de sangue

Ferramentas para gerenciamento de risco – Estudo utiliza FMEA para melhorar coleta de sangue
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A coleta de sangue é um dos procedimentos invasivos mais realizados cotidianamente pelas equipes de enfermagem. O processo tem início com a solicitação médica e segue envolvendo inúmeras etapas que vão desde etiquetar os tubos, preparar os dispositivos, identificar o paciente, selecionar o local de coleta e colher a amostra, até prepará-las para o transporte seguro. Quando há falhas nesse processo, a segurança do paciente está em risco, visto que incidentes podem levar ao diagnóstico incorreto, falhas na transfusão, desconforto do paciente pela necessidade de uma nova coleta e atrasos no tratamento.

São diversos os fatores que podem desencadear falhas e, pensando em todo esse contexto e nos impactos que incidentes podem gerar para o paciente, a Joint Commission recomenda que as instituições de saúde invistam em abordagens proativas para gerenciamento de risco.

Conduzido no King Hussein Cancer Center, na Jordânia, entre setembro de 2019 e março de 2020 (antes do estouro da pandemia de COVID-19), um estudo analítico observacional utilizou a ferramenta para gerenciamento de risco FMEA (análise de modos de falhas e efeitos) para avaliar maneiras de melhorar o processo de coleta de sangue no departamento de enfermagem em um centro especializado em câncer, onde os atendimentos são mais delicados. Essa ferramenta, que utiliza informações exclusivas para identificar prioridades de melhorias, é considerada uma boa opção para avaliação de processos críticos e de alto risco.

A instituição que tem 350 leitos e trata mais de 7 mil novos pacientes oncológicos por ano, conta com um grupo de 1.200 enfermeiros. Para revisar o processo de coleta de sangue, foi elaborado um mapa com fluxogramas ilustrativos que indicou algumas preocupações: processos prolongados com muitas etapas críticas; processos sobrepostos ou repetidos; falta de alinhamento com os procedimentos; baixo nível de controle em várias etapas; e interação fragmentada entre sistemas e equipes.

Na sequência, foram identificados 29 modos de falha, classificados em uma pontuação de 1 a 10 – de acordo com a frequência da causa, detectabilidade da causa e gravidade das consequências –, sendo que 1 indicava que a gravidade e a frequência eram inexistentes, e a probabilidade de detecção quase certa; e 10 indicava que a gravidade e a frequência eram perigosamente altas e sua probabilidade de detecção era absolutamente incerta.

Desses 29, oito foram apontados como de alto risco, responsáveis por falhas inaceitáveis.

Com a FMEA, foi possível perceber que:

  • 50% dos modos mais críticos de falha ocorriam na fase de solicitação da coleta; fase mais importante pois desencadeia todas as outras;
  • 37,5% dos modos críticos de falha estavam na fase do preparo da coleta;
  • 12,5% dos modos críticos de falha ocorriam na fase de amostragem;

Além disso, o estudo também trouxe bons indicativos das causas dos modos de falha:

  • 50% fatores de organização e gestão;
  • 41,6% ambiente de trabalho;
  • 37,5% fatores individuais dos profissionais;
  • 8,3% fatores da equipe.

Com os dados em mãos, os responsáveis pelo projeto listaram cinco áreas principais para redução de riscos:

Mudanças nos processos e responsabilidades – Foi criado um processo padronizado que tratava apenas um paciente por vez. A intenção era reduzir a troca de pacientes.

Utilização de recursos e de tecnologia da informação – Para facilitar o acompanhamento das equipes de enfermagem e a revisão das pendências, foi criado um laudo no prontuário eletrônico dos pacientes. Além disso, foi disponibilizada uma impressora para geração de etiquetas em cada posto de enfermagem e as enfermeiras também foram instruídas a revisar os pedidos diariamente a fim de evitar a não realização das coletas solicitadas.

Engajamento de pacientes e familiares – A fim de envolver os pacientes no processo de coleta, as enfermeiras foram instruídas a conversar com os pacientes, perguntando suas preferências de local para a coleta da amostra de sangue.

Cultura da segurança – A fim de fortalecer a cultura da segurança, a equipe de enfermagem foi incentivada a reportar quase acidentes e erros relativos à coleta de amostras de sangue. Também foram utilizados novos indicadores para rastreio desses erros.

Educação e treinamento – Foram aplicados treinamentos sobre os novos processos em um laboratório de simulação.

Como resultados, após a avaliação utilizando a FMEA e a implementação das cinco principais áreas para redução de riscos, o King Hussein Cancer Center assistiu à uma redução significativa de 58% nos modos de falha. Além disso, a incidência de confusão de amostras de sangue diminuiu 70% após três meses da implementação das mudanças.

Ferramenta para gerenciamento de risco

A FMEA é uma das ferramentas disponíveis no setor de saúde para gerenciamento de riscos. As soluções utilizadas no setor para análise preliminar e para análise prospectiva são abordadas no curso autoinstrucional “Gerenciamento de risco assistencial”, disponível na vitrine de educação continuada do IBSP.

Com quatro horas de duração, o curso é ministrado por Sandra Cristine, enfermeira, mestre e doutora em Ciências da Saúde, especialista em ciências da melhoria pelo IHI e especialista em Unidades de Terapia Intensiva que atua há mais de 20 anos no setor.

Voltado a profissionais já graduados ou estudantes do setor de saúde interessados em desenvolver seus conhecimentos sobre segurança do paciente, o curso oferece certificado e auxilia o aluno a identificar estratégias de promoção da segurança do paciente nas organizações de saúde, a aplicar os conceitos-chave da gestão de risco e a contribuir com o sistema de gerenciamento de ocorrências. Clique AQUI para mais informações.

Referências:

(1) Using Failure Mode and Effects Analysis in Improving Nursing Blood Sampling at an International Specialized Cancer Center

 

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