Doença frequente e com alta morbimortalidade, o tromboembolismo venoso (TEV) é considerado um problema de saúde pública mundial, visto que leva a altos custos assistenciais e a prejuízos diretos aos pacientes. É, inclusive, a causa mais frequente de morte evitável em hospitalizados (1), além de ser a terceira causa de morte de origem cardiovascular. Evitar esse acontecimento torna-se, então, prioridade em todas as unidades de saúde.
A busca por melhorias na adesão aos protocolos de profilaxia de TEV é incessante. Estudo realizado no Reino Unido (2) e publicado em julho de 2020 pelo The British Medical Journal mostra que o investimento em equipes multidisciplinares focadas na melhoria contínua pode melhorar os cuidados tanto para avaliação de risco de TEV quanto para aplicação da profilaxia.
Na ocasião, o projeto avaliou o cenário do Royal Glamorgan Hospital, um hospital geral que atende cerca de 10% das necessidades de saúde da população do País de Gales e se concentrou em duas enfermarias que cuidam de uma variedade de problemas. Observou, então, as taxas de avaliação de risco de TEV nas primeiras 24h após a admissão do paciente; o ajuste da dose de profilaxia para o peso desse paciente e o ajuste de dose para função renal.
Assim, previamente, foram coletados dados de 39 pacientes, sendo que apenas 51% tinham passado por uma avaliação de risco de TEV nas primeiras 24h da admissão; 69% receberam o ajuste apropriado da dose de heparina para seu peso corporal e 80% receberam o ajuste para função renal.
Dividido em três ciclos dentro da metodologia Plan-Do-Study-Act (PDSA), o estudo britânico envolveu algumas intervenções como, por exemplo, a aplicação de um adesivo solicitando a avaliação de risco dos pacientes e a educação de todos os profissionais de saúde feita em sessões semanais com ensinos didáticos sobre o assunto e apresentação de casos. Com base nos feedbacks obtidos, mais medidas foram tomadas: cartazes educacionais, folhetos para informação aos pacientes e displays eletrônicos visíveis ao público.
Os resultados foram progressivos a cada ciclo e, ao final do projeto, a atuação da equipe multidisciplinar – que contava com médicos, farmacêuticos, enfermeiros e fisioterapeutas – na aplicação de novas intervenções conquistou uma melhoria expressiva: a porcentagem de pacientes que foram submetidos à avaliação de risco nas primeiras 24h de sua admissão hospitalar subiu de 51% para 95% e os ajustes de dose para peso e função renal bateram os 100%.
O estudo conclui, então, que é válido apostar em diferentes estratégias para aumentar a conformidade e reitera a importância da abordagem multidisciplinar para a consolidação de mudanças com significativa melhoria no processo de avaliação de risco e adoção de profilaxia de TEV.
Referências:
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0