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Menor rigidez no jejum pré-operatório contribui para bem-estar do paciente sem aumentar risco

Menor rigidez no jejum pré-operatório contribui para bem-estar do paciente sem aumentar risco
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IBSP: Segurança do Paciente - Menor rigidez no jejum pré-operatório contribui para bem-estar do paciente sem aumentar riscoEm cirurgias que exigem anestesia geral, pacientes têm seus reflexos reduzidos e não conseguem impedir que o suco gástrico regurgitado chegue aos pulmões, o que pode ser perigoso durante o procedimento. É para evitar este quadro que o jejum é solicitado. Porém, com a medicina baseada em evidências, algumas diretrizes acabam sendo revistas.

Na prática, muitas instituições seguem indicando o bloqueio da ingestão de sólidos e de líquidos a partir da meia-noite que antecede a cirurgia. Mas estudos comprovam que é possível reduzir essa rigidez sem aumentar o risco, permitindo, assim, que adultos saudáveis possam consumir líquidos claros – como água, chá, café e sucos sem resíduos – algumas horas antes do procedimento, o que também contribui para melhorias no bem-estar do paciente.

É o que confirma a revisão sistemática Preoperative fasting for adults to prevent perioperative complications (1) que analisou ensaios clínicos randomizados comparando complicações pós-operatórias de diferentes regimes de jejum em adultos.

A conclusão é que os estudos não trazem evidências de que o volume ou o pH do conteúdo gástrico dos pacientes tiveram diferenças significativas quando submetidos a jejum curto ou jejum padronizado (na avaliação foram utilizados líquidos como água, café, suco de fruta sem resíduos e bebidas como isotônicos ou ricas em carboidratos).

Além disso, a revisão afirma que os pacientes que ingeriram um copo de água no pré-operatório apresentaram menor volume de conteúdo gástrico do que os que seguiram o regime padronizado e que não houve indicação de que essa ingestão resultou em desfechos diferentes.

Importante – A revisão sistemática enfatiza que alguns adultos são considerados de maior risco para regurgitação quando anestesiados, entre eles gestantes, idosos, obesos e indivíduos com desordens gástricas. Nesses casos não foram identificadas pesquisas na literatura que comprovem que essas pessoas podem ingerir líquidos poucas horas antes das cirurgias de forma segura.

Pediatria – A revisão sistemática de ensaios clínicos Preoperative fasting for preventing perioperative complications in children (2) faz a mesma análise, porém focada na pediatria. E os resultados são similares: crianças que ingerem água, chá, café e sucos sem resíduos até poucas horas antes da cirurgia não têm o risco de regurgitação aumentado. Além disso, há um benefício adicional na experiência pós-cirúrgica visto que o paciente tende a se sentir mais confortável em termos de sede e fome. Assim como entre adultos, algumas crianças são consideradas mais propensas a regurgitação sob a anestesia, entre elas as obesas e as que têm problemas estomacais.

Projeto ACERTO – No Brasil, o (3) Projeto ACERTO (Aceleração da Recuperação Total Pós-Operatória) foi o responsável por iluminar debates sobre a importância da nutrição para a melhor recuperação do paciente submetido a cirurgias. Com um embasamento multidisciplinar, o programa prega que “o dia da operação é o primeiro dia da recuperação do paciente”.

Com apoio do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e da Sociedade Brasileira de Cancerologia, o programa afirma ser possível diminuir as complicações e o tempo de internação ao trabalhar o campo da nutrição desde o pré-operatório e indica que a ingestão de líquidos claros está liberada até duas horas antes do procedimento anestésico, já refeições que incluem leite ou outras fontes de gordura, bem como alimentos sólidos, precisam ser vetadas seis horas antes da anestesia.

Quanto à ingestão de água, o Projeto ACERTO relata que pacientes autorizados a beber água até três horas antes do procedimento anestésico sentem-se menos ansiosos.

O programa também diz que o uso de soluções com 285 mOsm/Kg e 12% de carboidratos até duas horas antes da cirurgia é seguro pois é tempo suficiente para que haja esvaziamento gástrico somado a outro benefício: o uso do líquido enriquecido com carboidrato diminui a resistência à insulina no pós-operatório. Com esvaziamento gástrico rápido – semelhante ao da água – essa solução reduz a sede, a fome, a ansiedade e os vômitos.

Um dos alertas trazidos pelo projeto é o de que tanto o breve jejum quanto alimentação hipocalórica mantida por até três dias pode levar a uma diminuição significativa da sensibilidade à insulina, o que está relacionado a um maior risco de infecção pré-operatória, aumento de morbimortalidade e maior tempo de internação.

>> Controle da glicemia evita mortes e melhora o desfecho clínico em hospitalizados

Benefícios da abreviação do jejum pré-operatório segundo Projeto ACERTO:

1. Aumenta as reservas de glicogênio hepático – 4x

2. Melhora o balanço nitrogenado

3. Melhora a resistência periférica à insulina

4. Atenua a resposta oxidativa

5. Diminui citoquinas inflamatórias

6. Melhora a resposta metabólica

7. Menos catabolismo

8. Níveis mais favoráveis de glicose e insulina

9. Melhora a oxidação da glicose

IBSP: Segurança do Paciente - Menor rigidez no jejum pré-operatório contribui para bem-estar do paciente sem aumentar risco

Referências:

(1) Preoperative fasting for adults to prevent perioperative complications
(2) Preoperative fasting for preventing perioperative complications in children
(3) Projeto ACERTO

 

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