Quando o mundo é impactado por um vírus desconhecido, o setor de saúde inteiro faz manobras para direcionar seus esforços a fim de desvendar mais detalhes sobre como esse patógeno impacta o corpo humano. Com a COVID-19, infecção causada pelo SARS-CoV-2, tem sido assim desde o final de 2019, quando a China fez o primeiro alerta sobre uma pneumonia diferente. O problema é que o vírus ganhou proporções mundiais de forma extremamente veloz, muito mais rápido do que as pesquisas podiam se consolidar. E, assim, a saúde baseada em evidências tornou-se ainda mais difícil.
Em um primeiro momento, foram apontados os grupos de risco: pessoas com doenças crônicas e indivíduos acima de 60 anos de idade. Crianças e gestantes não foram incluídas, já que essas pessoas não estavam sendo admitidas nos hospitais com agravamento da infecção.
Porém, considerando que outros vírus respiratórios podem levar as grávidas a doenças mais graves, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos prontamente se posicionou (1) declarando que apesar de acreditar que o risco da COVID-19 nas grávidas e nas mulheres não grávidas era o mesmo, era importante que as gestantes praticassem o distanciamento social; investissem na maior (e melhor) higienização das mãos e também dos ambientes, objetos e superfícies; mantivessem as vacinas de rotina em dia; e seguissem com as consultas e exames.
Assim, mesmo que as grávidas não fossem consideradas grupo de risco, essas populações jamais foram excluídas das análises e a pesquisa seguiu firme. Em maio, uma publicação do The New England Journal of Medicine (2) apresentou um rastreio universal para o novo coronavírus em gestantes admitidas nas maternidades para o parto.
Entre 22 de março e 4 de abril, o estudo observou 215 nascimentos em Nova Iorque (EUA). Quatro mulheres tinham sintomas de COVID-19 e testaram positivo para a infecção. Das 211 mulheres assintomáticas, 29 tinham COVID-19 confirmada pelo RT-PCR. Assim, Nova Iorque percebeu que a maioria das mulheres grávidas infectadas eram assintomáticas, ligando um alerta para as maternidades devido ao risco de disseminação do vírus por essas gestantes.
Segundo relatado em documento publicado pelo Royal College of Midwives e pelo Royal College Of Obstetricians & Gynaecologists (3), não há evidências que sugerem risco aumentado de aborto após infecção pelo novo coronavírus. A publicação também afirma que um estudo onde 71 recém-nascidos de gestantes infectadas no terceiro trimestre da gravidez foram testados para COVID-19 e apenas 4 bebês (5,6%) testaram positivo dentro de 48 horas após o parto (testes de RT-PCR feitos no cordão umbilical e em amostras sanguíneas).
Pensando no futuro, os Estados Unidos, por meio do NIH (National Institutes of Health), estão trabalhando em um estudo multifacetado (4) para compreender os efeitos da pandemia durante e após a gravidez. A proposta é analisar 21 mil mulheres e compreender se as mudanças nos atendimentos de saúde durante a crise de COVID-19 resultaram em complicações e, também, se as mulheres grávidas infectadas podem transmitir a infecção para o feto.
Além da pandemia
Assim como outras doenças estão se tornando um problema recorrente durante a pandemia, com aumento inclusive no número de óbitos em casa por infarto devido ao receio que os pacientes estão de buscar atendimento hospitalar e, nestes locais, contraírem a COVID-19, as mulheres grávidas devem se manter atentas garantindo o acompanhamento pré-natal. Essa instrução, que também está no manual publicado pela Inglaterra (3), é primordial.
Referências:
(1) If You Are Pregnant, Breastfeeding, or Caring for Young Children
(2) Universal Screening for SARS-CoV-2 in Women Admitted for Delivery
(3) Coronavirus (COVID-19) Infection in Pregnancy
(4) NIH-funded study to investigate pregnancy outcomes resulting from COVID-19 pandemic
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