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Neonatologia – Prematuros estão mais expostos a eventos adversos nos primeiros dias de internação

Neonatologia – Prematuros estão mais expostos a eventos adversos nos primeiros dias de internação
Neonatologia
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Estudo sueco revela que mais de 85% dos eventos adversos neonatais são evitáveis

Um estudo conduzido na Suécia e publicado em 2023 observou 150 internações em neonatologia para avaliar os eventos adversos mais prevalentes em recém-nascidos. Dessas internações, 58,7% eram de prematuros. O objetivo foi identificar incidência, gravidade, causas e possíveis ações preventivas.

Mais da metade dos pacientes apresentou ao menos um evento adverso, o que levou ao aumento do tempo de hospitalização: expostos a eventos adversos permaneceram cerca de 20,5 dias internados, enquanto os não expostos ficaram em média sete dias.

Entre os prematuros, a taxa de eventos adversos foi significativamente mais alta (353 por 100 admissões) em comparação aos nascidos a termo (79 por 100 admissões). Além disso, todos os recém-nascidos com idade gestacional inferior a 28 semanas ou peso ao nascer menor que 1 kg tiveram pelo menos um evento adverso durante a internação.

A maioria dos eventos (93,9%) foi classificada como de dano temporário. Apenas 22 foram considerados graves, sendo 72,7% deles em prematuros. Nenhum caso evoluiu para óbito.

Eventos adversos na neonatologia – Principais achados

Os eventos adversos mais comuns foram:

● Danos à pele, tecidos ou vasos (45,3%)

● Infecções nosocomiais (14,4%)

● Deterioração dos sinais vitais (10,3%)

● Prematuros apresentaram maior prevalência de extravasamento vascular, lesões por pressão e infecções.

Grande parte dos eventos (88,9%) ocorreu durante a internação inicial. Entre os nascidos a termo, quase 94% se concentraram na primeira semana, especialmente nos dois primeiros dias, associados a complicações como hipoglicemia, asfixia ou infecções precoces. Já nos prematuros, os eventos se distribuíram ao longo da hospitalização, mas ainda com maior incidência nos primeiros dias.

O dado mais alarmante é que, dos 360 eventos adversos identificados, 85,7% poderiam ter sido evitados. Entre as principais causas estão: uso inadequado de dispositivos médicos por falta de treinamento ou experiência (25,1%), falhas de vigilância clínica (24,4%), diretrizes ausentes ou aplicadas de forma incorreta em casos de infecção (27,4%) e tratamento omitido, incompleto ou incorreto em deteriorações clínicas (19,6%).

Quase metade dos eventos relacionados a pele, vasos ou tecidos teve como origem cateteres intravenosos periféricos. Outros dispositivos envolvidos foram respiratórios, sondas nasogástricas e adesivos.

O estudo conclui que neonatos prematuros são frequentemente expostos a eventos adversos evitáveis, sobretudo nos primeiros dias de internação. Embora raramente graves, esses eventos prolongam significativamente o tempo de hospitalização e aumentam a vulnerabilidade dos pacientes. Por isso, os serviços de saúde devem investir em protocolos para uso de dispositivos médicos, treinamento contínuo das equipes, vigilância clínica estruturada e cultura de aprendizado.

Segundo Lucas Zambon, diretor Científico do IBSP, conhecer a realidade dos eventos adversos em neonatologia é fundamental para uma apropriada gestão de riscos nessa área. “O perfil de incidentes de segurança do paciente com neonatos traz especificidades como o grande volume de lesões de pele e infecções. Além disso, temos fatores contribuintes importantes de serem mapeados como a falta de experiência ou treinamento”, diz.

Zambon complementa que, contudo, o mais importante é a alta taxa de evitabilidade evidenciada no presente estudo. “Isso significa que unidades neonatais podem desenvolver uma grande revolução na segurança do paciente”, conclui.

Referência:

(1) Identifying neonatal adverse events in preterm and term infants using a paediatric trigger tool

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