“Saúde baseada em valor” é uma expressão tão usada hoje nas discussões sobre qualidade e sustentabilidade do setor que o seu sentido foi praticamente esvaziado. É preciso lembrar que, mesmo a definição original, elaborada pelo economista americano Michael Porter, deve ser interpretada sob um novo olhar.
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Em seu livro Redefining Health Care, de 2006, que mudou a maneira de pensar gestão e qualidade em saúde, Porter, professor da Harvard Business School, definiu valor em saúde como os resultados obtidos diante do custo para alcancá-los. Com base nesse conceito, Porter fundou a ICHOM (International Consortium for Health Outcomes Measurement), cujo objetivo é criar padrões de avaliação internacional de resultados para melhorar a assistência.
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Com o aumento das discussões sobre cuidado centrado no paciente e autonomia, a definição de valor precisa ser ampliada. “O resultado almejado não é o mesmo para todos os pacientes”, afirma o médico Lucas Zambon, diretor científico do IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente. “Diante da mesma doença, uma pessoa pode ter a expectativa de querer sobreviver a qualquer custo e outra de ter qualidade de vida no tempo que lhe resta.”
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Diante da escassez de recursos e do objetivo de prover a melhor saúde possível para todas as pessoas, é preciso ter consciência de que não existe um desfecho ideal. “O valor na saúde hoje tem de ser muito individualizado”, afirma Zambon. “Não é escolhendo e investindo tudo em um tipo de desfecho que satisfaremos as expectativas de todos pacientes.” Confira a entrevista completa a seguir.
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