Conduzido na China, estudo recrutou mais de mil enfermeiros para essa avaliação acerca de percepção de risco
Pesquisadores da Universidade de Medicina de Hubei, na China, recrutaram mais de mil enfermeiros atuantes em diferentes setores como emergência, UTI, clínica médica, cirurgia, obstetrícia, pediatria, centro cirúrgico e reabilitação, para entender como estava a percepção de risco de eventos adversos das equipes de enfermagem e quais fatores poderiam interferir nessa percepção fundamental para a garantia de segurança do paciente.
Para o estudo, foram aplicados diferentes questionários e escalas que, juntos, traçariam um cenário mais amplo acerca dessa percepção de risco de eventos adversos.
A análise sugere que a percepção de risco das equipes de enfermagem sobre eventos adversos está positivamente correlacionada ao senso de apoio organizacional, ao comportamento dos líderes do setor e, também, à cultura de segurança dos enfermeiros, ou seja, estes aspectos ajudam a manter os riscos controlados. Em contrapartida, os níveis de burnout influenciam negativamente a percepção de risco.
Em paralelo, a análise mostra que além dos fatores mencionados acima, outros como a organização do departamento, a quantidade de horas de trabalho diárias, e a experiência com eventos adversos, também influenciam a percepção de risco desses profissionais. Essas variáveis explicavam 42,1% da variação total no risco percebido pelos enfermeiros.
Importante observar que os enfermeiros prestam cuidados diretos aos pacientes e, devido à alta proporção de pacientes por profissional, é comum haver cargas de trabalho mais exaustivas, o que aumenta o risco operacional. Com isso, no estudo, os entrevistados apresentaram a pontuação mais alta justamente em risco operacional. Com essa dedicação mais forte ao atendimento, é notável que a percepção dessas equipes de enfermagem quanto a falhas do sistema seja reduzida, ou seja, muitos profissionais podem acabar ignorando erros sistemáticos ou processuais.
Assim, o estudo sugere que a percepção de risco das equipes de enfermagem precisa ser melhorada para que a segurança do paciente seja garantida, até porque 45% dos eventos adversos anuais dos EUA são gerados por falhas nos processos de trabalho e 82% dos erros humanos podem ser evitados. Essa melhoria pode advir de intervenções e estratégias para fortalecer o suporte organizacional, mudar o comportamento das lideranças, reduzir o esgotamento dos profissionais.
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Melhorias – Percepção de risco de eventos adversos
O estudo mostra que há divergências na percepção de risco de eventos adversos dos profissionais. Aqueles que atuam em unidades de emergência e de terapia intensiva, por exemplo, têm pontuação mais alta na percepção de risco. Esse cenário provavelmente ocorre, pois, nesses locais, a condição do paciente costuma ser mais grave e a assistência mais desafiadora e mais suscetível a falhas.
Em paralelo, as observações dos pesquisadores também indicam que enfermeiros que trabalham menos de oito horas diárias têm menor percepção de risco de eventos adversos do que aqueles que trabalham mais de 10 horas por dia. Isso porque, com o cansaço de mais horas trabalhadas, há uma preocupação maior em cometer falhas. Porém, aqui, há uma diferenciação entre uma jornada de mais de 10 horas e esgotamento profissional, que pode afetar a qualidade do trabalho e desligar sinais de alerta, reduzindo a percepção de risco. Outro ponto interessante é que profissionais que já vivenciaram eventos adversos têm percepção de risco mais elevada do que aqueles que nunca tiveram essa vivência.
O comportamento dos líderes também se mostrou fator de influência na percepção de risco dos enfermeiros por poder impactar diretamente o entusiasmo, a iniciativa e o senso de responsabilidade dos trabalhadores da saúde. Assim como o apoio organizacional, que está ligado à satisfação no trabalho e à qualidade dos serviços prestados.
Referência:
(1) Nurses’ Risk Perception of Adverse Events and Its Influencing Factors: A Cross-Sectional Study
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