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Ortotanásia pode ser uma boa prática clínica em prol do paciente terminal

Ortotanásia pode ser uma boa prática clínica em prol do paciente terminal
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Em vez da distanásia, geriatra especialista em cuidados paliativos conta como é cuidar de um paciente terminal sem terapias desproporcionais às suas necessidades

Ortotanásia significa morte correta, ou seja, a morte pelo seu processo natural. Em detalhes, o paciente já está em processo natural de morte e recebe a contribuição do médico para que este estado siga seu curso natural. Ou seja, em vez de prolongar artificialmente o processo de morte (distanásia), deixa-se que este se desenvolva naturalmente (ortotanásia). “A distanásia é o emprego de terapias desproporcionais ao estágio de vida do paciente”, explica o Dr. Douglas H. Crispim, geriatra e secretário geral da Academia Nacional de Cuidados Paliativos.

“Entrar em contato com o sofrimento do paciente permite auxiliá-lo melhor”, diz especialista em cuidados paliativos

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A ortotanásia, que caracteriza a boa prática clínica, significa não empregar ou suspender terapias que são desproporcionais à necessidade do paciente. “Felizmente, muitas iniciativas neste sentido hoje no Brasil, porém ao se visitar UTIs e aplicar os critérios do GSF para terminalidade (doença extensa, piora funcional, piora nutricional), há grande chance de seu resultado ser tristemente desapontador”, comenta Dr. Douglas.

Como dar voz ao paciente crítico
A curva de autonomia do Brasil mostra que a nossa sociedade valoriza cada vez menos a opinião das pessoas conforme avançam na idade. “A idade lhes torna vulneráveis. Uma internação em UTI torna o indivíduo vulnerável, na medida em que ele está inserido em um ambiente com condutas padronizadas, rotinas pré-estabelecidas e focadas no cuidado médico”, comenta o Dr. Douglas.

Além disso, o uso de aparelhos e a sedação reduz a autonomia, pois diminui a capacidade de expressão do paciente. Isso o torna vulnerável e nem sempre sua demanda irá surgir espontaneamente, expondo a necessidade de busca ativa de sinais de sofrimento, valores, preferências, pelos profissionais de saúde.

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Prolongar a vida?
O prolongamento da vida traz mais sofrimento para o paciente e sua família tornando a morte lenta e sofrida especialmente nas terapias intensivas? Nem sempre. O prolongamento da vida também é algo bom. O que acontece é confundir o prolongamento da vida com o processo de falecimento. “Quando se estuda os critérios de terminalidade, fase final de vida e processo ativo de morte pode-se entender que muitos pacientes irão viver anos e anos em terminalidade, como por exemplo, os pacientes grandes sequelados. Outros pacientes irão ser levados ao hospital quando estiverem em processo ativo de morte, e coincidentemente, os critérios para processo de morte fazem um overlap com os critérios de admissão em UTIs”, diz o Dr. Douglas.

Segundo o especialista em cuidados paliativos, neste processo é fundamental observar, por exemplo, a instabilidade hemodinâmica, o rebaixamento de nível de consciência, os critérios clássicos de processo de morte em paciente com doença terminal e também os sinais para acionar emergência em hospitais terciários.

Papel da tecnologia
É fato que os avanços tecnológicos trouxeram um aumento da expectativa de vida de pacientes graves. “A tecnologia é algo positivo. Não gosto da ideia de crucificar os grandes avanços para justificar a implementação dos cuidados paliativos”, diz Dr. Douglas.

Além dos avanços sociais, a tecnologia médica ajuda muita gente a minimizar problemas de saúde reversíveis ou potencialmente reversíveis. Isto tem um diálogo simples com os Cuidados Paliativos: a proporcionalidade do cuidado. “Tecnologia mal indicada é uma fonte de distanásia que poderia ser facilmente o retrato do sistema de saúde. Esta tênue linha entre indicar e contraindicar, pode se tornar muito mais visível com o auxílio dos Cuidados Paliativos”, finaliza o geriatra.

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