Em entrevista, o Dr. José Branco diz que a segurança do paciente depende de ações em conjunto durante todo o processo de atendimento
Implementar uma política que priorize a segurança do paciente nas instituições de saúde promove melhorias não só para aqueles que precisam de atendimento, mas também otimiza o investimento de recursos e evita gastos excessivos. No entanto, o caminho para que a qualidade na assistência seja prioridade ainda enfrenta desafios no Brasil, principalmente no que diz respeito a estimular ações que aproximem gestores, equipe hospitalar e pacientes.
OMS apresenta nova diretriz para tratamento de infecções sexualmente transmissíveis
Judicialização da saúde: é preciso saber escolher
“Pacientes em fim de vida precisam de um olhar mais humano”, diz médico
Todas as pontas do processo podem e devem participar do gerenciamento de riscos no ambiente hospitalar. O Dr. José Branco, diretor executivo do IBSP, explica em entrevista quais são os principais desafios da segurança do paciente no Brasil e como é feito o trabalho para melhorar a qualidade na assistência das instituições de saúde.
IBSP – Qual é o maior desafio para melhorar a segurança do paciente?
José Branco – É envolver médicos, staff médicos, todos os profissionais envolvidos na linha de frente da segurança do paciente, mas o principal é envolver o paciente e seus familiares. Eles precisam ser inteirados das decisões, gerenciando o risco, porque eles são os principais interessados em ter uma melhor assistência. O principal desafio é esse: mudar o foco da segurança do evento do passado para uma segurança o tempo todo, em toda a sua jornada do sistema.
IBSP – Como é o trabalho feito para superar esses desafios?
José Branco – O Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente é uma entidade criada para alavancar esse movimento no Brasil. Procuramos envolver o setor que é pouco trabalhado no Brasil, que é o das lideranças médicas e administrativas. O gestor, mais do que ninguém, precisa entender esse novo cenário de segurança do paciente.
Para isso, desenvolvemos cursos, simpósios, e trabalhamos com uma ferramenta importante que é o coach para o CEO, que mostra qual a visão que esse profissional deve ter da segurança e como se deve cobrar o staff sobre essa questão. Com isso, ele vai melhorar o desempenho financeiro, a qualidade na assistência, vai ter melhores indicadores que, no futuro, serão importantes para remunerar esse sistema de saúde.
IBSP – O sistema de saúde no modelo atual favorece a implementação de práticas para segurança do paciente?
José Branco – O grande problema do sistema de saúde no Brasil é que ele é muito fragmentado. Normalmente, a segurança do paciente é mais focada na atenção secundária, terciária, dentro do hospital. Não temos o costume de analisar o sistema como um todo para saber onde existem falhas. Além disso, temos um atraso de tratamento, de diagnóstico, que acontece muito na atenção primária. O foco ainda do modelo hospitalar brasileiro é financeiro, não na segurança, na melhoria da assistência. Como o sistema paga por procedimento, quanto mais procedimentos são feitos, maior é o ganho. Então não há a preocupação com a segurança e com o resultado.
IBSP – Qual seria a solução para esse impasse na remuneração das instituições?
José Branco – Quando o sistema começar a pagar por resultado, essa lógica muda. Com o passar do tempo, as pessoas vão viver muito mais, haverá muito mais doenças crônicas, e o gerenciamento da saúde vai ser muito mais importante para que essas pessoas não onerem o sistema por não ter tido tratamento adequado. A tendência é que o sistema estimule cada vez mais a prevenção e o cidadão tenha que participar do processo.
Veja mais
[youtube id=”zI6YB61WkOI”]
assistência
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0