Estudo norte-americano aponta que um em cada dez pais já encontrou algum problema antes da equipe médica
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e publicada no periódico científico de medicina JAMA apontou que pais são responsáveis por evitar mais erros médicos do que profissionais. O estudo analisou os casos de 383 crianças hospitalizadas nos anos de 2013 e 2014, e 34 pais relataram 37 incidentes de segurança, dos quais 23 eram falhas médicas. Dentre as falhas, 30% causaram danos ou problemas evitáveis.
Alisa Khan, autora do estudo e pesquisadora de Harvard e do Hospital Infantil de Boston, disse em entrevista à agência Reuters que, apesar dos esforços da equipe, erros podem acontecer por conta da complexidade do ambiente hospitalar. Entre os casos relatados como eventos adversos estão a demora na detecção de objetos esquecidos no corpo das crianças após cirurgia, problemas de retenção urinária não percebidos, atrasos de medicações, além de infecções por ferida mal revestida e cateter esquecido no corpo de um paciente.
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Conheça ações para aumentar o envolvimento do paciente na assistência
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Sequencia de erros é o que pode causar lesões graves na medicina
Os pais apontaram que a dificuldade de comunicação com médicos é um dos fatores que contribui para uma série de erros. Esses eventos podem resultar em aumento no tempo de internação e complicações metabólicas e neuromusculares, segundo o estudo. Outro dado complementar, que corrobora o resultado, é que crianças com pais que não falam o idioma do país foram consideradas mais vulneráveis a erros médicos.
De acordo com a autora do estudo, uma das soluções seria envolver mais os pais e valorizar a presença deles na reabilitação e tratamento dos pacientes pediátricos. “Os pais podem perceber coisas diferentes e fornecer informações complementares que ajudariam a tornar o tratamento mais seguro”, afirma.
Errar é Humano
Em 1999 quando foi publicado o livro “Errar é Humano”, relatava-se que, a cada ano, morriam 98.000 pessoas devido a incidentes com danos preveníveis. Em recente publicação, em 2013, novo estudo mostrou um cenário pior, com 440.000 mortes por dano preveníveis. “Apesar dos avanços após a publicação do ‘Errar é Humano’, a segurança do paciente permanece como uma questão de saúde pública”, afirma José Ribamar Branco, diretor executivo e fundador do IBSP.
Para o Dr. Antonio Capone Neto, Gerente Médico da Qualidade e Segurança do Paciente do Hospital Israelita Albert Einstein, a direção hospitalar tem papel decisivo para evitar eventos adversos em seus pacientes: “A redução de eventos adversos é o resultado de um conjunto de medidas que envolve todas as áreas do hospital. A liderança do hospital deverá primeiramente, como já foi dito, colocar a segurança do paciente como uma diretriz estratégica”.
E quando isso ocorrer, o Dr. Dario Fortes Ferreira, superintendente médico do Hospital Samaritano e presidente do IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, acredita que a responsabilidade diante do erro deve ter a intervenção da alta direção dos hospitais. Isso quer dizer que é preciso informar a família de um paciente sobre a ocorrência de um evento adverso, mesmo que seja um momento difícil que o gestor vá enfrentar. “Ao gestor cabe a obrigação moral de reagir ao problema, ser verdadeiro, dar apoio e suporte, inclusive financeiro”, diz.
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