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Pediatria: novos critérios para sepse e choque séptico são divulgados

Pediatria: novos critérios para sepse e choque séptico são divulgados
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Especialistas sugerem a utilização do Phoenix Sepsis Score como modelo para identificação de sepse pediátrica 

A sepse é uma das principais causas de morte infantojuvenil em todo o mundo. No Brasil, de acordo com estudo (1) de 2021, a prevalência de sepse entre pacientes com menos de 18 anos internados em Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas é de 25%, sendo que a taxa de mortalidade é de 19,8%. 

Porém, até recentemente, havia uma divergência na definição da sepse entre pacientes adultos e pediátricos. Isso porque em 2016, a classificação internacional de sepse como disfunção orgânica com risco de vida causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção foi estabelecida apenas para pacientes adultos. Enquanto isso, a sepse pediátrica era apontada por critérios de síndrome de resposta inflamatória sistêmica, levando, inclusive, ao termo “sepse grave”, posteriormente apontado como inapropriado. 

Para melhorar esse cenário e trazer mais clareza às definições – além de melhorar os cuidados clínicos, a avaliação epidemiológica e a pesquisa -, um estudo (2) publicado em 21 de janeiro deste ano no JAMA Network apontou como devem ser identificadas as crianças (até 18 anos) com suspeita de infecção com maior risco de mortalidade, ou seja, com indicativo de sepse. 

Para essa avaliação promovida pela Sociedade de Medicina Intensiva que envolve uma pesquisa internacional, uma revisão sistemática e a análise de mais de 3 milhões de atendimentos de saúde pediátrica, 35 especialistas em cuidados intensivos, medicina de emergência, doenças infecciosas, pediatria geral, enfermagem, saúde pública e neonatologia de diferentes partes do mundo foram convocados.  

Como resultado, a recomendação para a identificação da sepse entre pacientes pediátricos passou a ser a utilização do Phoenix Sepsis Score, modelo de critério para sepse pediátrica e choque séptico validado por um estudo (3) de coorte retrospectivo internacional e multicêntrico que sugeriu que esse método apresenta melhor desempenho do que as pontuações de disfunção orgânica até então existentes. No caso, a sepse deve ser considerada em pacientes pediátricos que atingirem pelo menos dois pontos na escala. Essa diretriz indica uma disfunção potencialmente fatal dos sistemas respiratório, cardiovascular, de coagulação e/ou neurológico. 

Os especialistas chegaram a essa definição após observar que crianças com pelo menos dois pontos nessa escala tiveram mortalidade hospitalar de 7,1% em ambientes com mais recursos e de 28,5% em ambientes com menos recursos (essa diferenciação entre os ambientes foi fundamental, visto que a infraestrutura dos locais de assistência tem alto impacto nos desfechos). Esse dado representa um risco oito vezes maior do que o dos pacientes que não atendiam a esse critério. Outro ponto relevante é que a mortalidade foi maior nas crianças com disfunção orgânica em pelo menos um dos quatro sistemas que não eram o local primário da infecção. 

Para o choque séptico, a definição também utiliza o Phoenix Sepsis Score e considera a apresentação de pelo menos um ponto no sistema cardiovascular como hipotensão grave para a idade, lactato sanguíneo superior a 5 mmol/L ou necessidade de medicação vasoativa. Entre as crianças com choque séptico, a taxa de mortalidade foi de 10,88% nos ambientes com mais recursos e de 33,5% nos com menos recursos.

Neste sentido, o Dr. Lucas Zambon comenta:

É fundamental um alinhamento de conceitos em uma área tão sensível quanto a pediatria. Em se tratando de sepse, isso é ainda mais necessário. De todo modo, é importante destacar que estudos prospectivos em nossa realidade são necessários, de forma a dar ainda mais validade a essa nova proposta de diagnóstico para sepse e choque séptico em pediatria.

Referências: 

(1) The epidemiology of sepsis in paediatric intensive care units in Brazil: an observational study 

(2) International Consensus Criteria for Pediatric Sepsis and Septic Shock 

(3) Development and Validation of the Phoenix Criteria for Pediatric Sepsis and Septic Shock 

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