Há, no mundo, cerca de 10 milhões de novos casos de Tromboembolismo Venoso (TEV) todos os anos (1). Porém, essa incidência pode ser ainda maior, visto que muitos pacientes apresentam sintomas leves e inespecíficos, deixando de ter o diagnóstico confirmado.
Para prevenir essa que é a principal causa de morte hospitalar evitável em países como os Estados Unidos (2), existem diversas abordagens. Hoje em dia, muitos hospitais aderem a protocolos de profilaxia que se mostraram eficazes e seguros, envolvendo tanto intervenções mecânicas quanto farmacológicas.
Diante deste cenário, é preciso enfatizar a importância da avaliação de risco para que as intervenções – principalmente farmacológicas – sejam direcionadas a pacientes com real risco de desenvolvimento de TEV, e não de forma automática a qualquer internação. Isso porque o uso excessivo de profilaxia em pacientes de baixo risco pode aumentar a chance de sangramento e contribuir para o desconforto durante a hospitalização.
Um estudo (3) publicado em outubro deste ano no CHEST Journal observa a taxa de adequação de diferentes modalidades de profilaxia de TEV entre pacientes internados. Para isso, avaliou prontuários entre janeiro e junho de 2021 e, por meio do Escore de Previsão de Pádua, classificou cada um dos 462 pacientes entre alto risco e baixo risco para TEV. Posteriormente, observou quais as intervenções foram adotadas para cada caso:
- Dos 175 pacientes considerados de baixo risco, 94% receberam medicações como heparina não fracionada ou heparina de baixo peso molecular e apenas 6% receberam profilaxia mecânica
- Dos 287 pacientes considerados de alto risco, 95% receberam profilaxia farmacológica adequada, mas 5% estavam sem qualquer intervenção de profilaxia ou somente com profilaxia mecânica.
Com base nesses achados, o estudo sugere que pode haver uma superutilização da profilaxia farmacológica mesmo em casos sem real necessidade e indicação. Isso pode ocorrer pela ausência da avaliação de risco.
A ferramenta utilizada pelo estudo – Escore de Previsão de Pádua – é recomendada pelo American College of Chest Psysicians e classifica os pacientes por meio de pontuação. Quando igual ou maior do que quatro, alto risco; quanto menor do que quatro, baixo risco. Os critérios utilizados são:
- Neoplasia em atividade – 3 pontos
- TVP ou EP pregressas – 3 pontos
- Mobilidade reduzida – 3 pontos
- Trombofilia conhecida – 3 pontos
- Traumatismo e/ou cirurgia nos últimos 30 dias – 2 pontos
- Idade maior 70 anos – 1 ponto
- ICC ou insuficiência respiratória – 1 ponto
- IAM ou AVCi – 1 ponto
- Infecção ou distúrbio reumatológico – 1 ponto
- IMC maior 30 kg/m2 – 1 ponto
- Sob tratamento hormonal – 1 ponto
Referências:
(2) HA-VTE Data & Statistics – Centers for Disease Control and Prevention
(3) Overuse of VTE Prophylaxis in hospitalized patients
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