O treinamento de um profissional que atua com o idoso envolve o estudo da senilidade e da senescência com o objetivo de identificar o que faz parte do envelhecimento ou o que é patológico
A reabilitação de idosos tem suas peculiaridades e os profissionais designados para tal tarefa precisam estar preparados para o que vão encontrar. No caso dos acidentes que, muitas vezes, provocam quedas e fraturas desses pacientes, existe o mito de que o idoso não tem potencial de recuperação. O especialista Dr. José Eduardo Pompeu, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP, explica que estudos têm apontado para o lado contrário a essa teoria.
“Mesmo idosos com fragilidade respondem bem a programas de reabilitação bem estruturados e que envolvem modalidades combinadas de exercícios e os cuidados de uma equipe interdisciplinar. Um grande desafio é reabilitar idosos com muitas restrições à prática de atividade física como a hipertensão arterial sistêmica descontrolada e as cardiopatias graves. Outras alterações clínicas como a desnutrição, a sarcopenia, a osteoporose e o comprometimento cognitivo também são condições desafiadoras para a reabilitação”, afirma o profissional.
A necessidade de tratamentos interdisciplinares precisa de equipe envolvida com habilidade para trabalhar em equipe. “É uma característica fundamental. A visão multidimensional em relação aos fatores que podem interferir na saúde do idoso é outro aspecto importante dos profissionais que atuam na reabilitação do idoso. O treinamento de um profissional que atua com o idoso envolve o estudo da senilidade e da senescência com o objetivo de identificar o que faz parte do envelhecimento ou o que é patológico”, aponta Pompeu.
Especialização com Idosos
Vale reforçar ainda a necessidade de especialização na formação dos profissionais. “Como o idoso sofre declínios em vários sistemas, é importante que a equipe seja formada por profissionais com formação em geriatria e gerontologia, entre eles, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, geriatras, assistentes sociais, fonoaudiólogos, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, entre outros. Entender o processo de envelhecimento e as características físicas, emocionais, psicológicas e sociais específicas do idoso é fundamental para os profissionais que atuam nesta área”, completa ele.
Entre os principais desafios da área está em quebrar os mitos que envolvem essa faixa etária, que tendem a apontar erroneamente algumas alterações patológicas como se fossem normais para a idade. “Este tipo de abordagem impede o diagnóstico e o tratamento de diversos acometimentos que poderiam responder bem às intervenções, apesar da idade. Outro erro comum é tratar todos os idosos como frágeis ou vulneráveis, pois a grande maioria dos idosos é independente e autônoma. Estudos mostram que apenas aproximadamente 20% dos idosos apresentam limitações para as atividades de vida diária”, conclui o especialista.
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