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Projeto inovador apoia famílias e melhora resultados de reprodução assistida

Projeto inovador apoia famílias e melhora resultados de reprodução assistida
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Psiquiatra e psicóloga montaram programa para sanar questões emocionais e ajudar no tratamento de fertilização

 

Com a proposta de oferecer cuidado humanizado durante todo o processo de reprodução assistida, a psiquiatra Milena Gross de Andrade e a psicóloga Juliana Tfauni criaram o Projeto Canguru. O programa existe há cerca de dez meses e surgiu diante da necessidade de apoio emocional para quem faz tratamento em clínicas de fertilização.

“O lado emocional, sintomas de depressão, a ansiedade, são fatores que podem dificultar a concepção de uma criança. Percebemos que casais que fazem acompanhamento mantém o tratamento com mais sequência, não têm tanta desconfiança nos métodos, que é um sentimento muito comum nesses casos, além de aumentar até a aderência ao tratamento”, explica Gross.

As seções são realizadas em diversas modalidades entre grupos, casais e consultas individuais, e o projeto visa melhorar a estrutura psicológica dos aspirantes a pais e mães antes mesmo que eles apresentem algum problema emocional. Confira a entrevista com a Dra. Milena Gross de Andrade, médica psiquiatra e psicoterapeuta formada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP.

IBSP – Como foi o início do projeto?
Milena Gross de Andrade – Começamos a partir da experiência clínica. Juliana Tfauni, psicóloga clínica pela Faculdade de Psicologia PUC-SP, e eu percebemos que cada vez mais as mulheres estavam procurando tratamento de reprodução assistida. Muitas vinham sofrendo com isso e não tinham espaço para falar sobre esse sofrimento. Nós já fazíamos atendimento individual e montamos o grupo para dar um espaço melhor de acolhimento para essas famílias.

IBSP – Como é feita a abordagem dentro do projeto?
Milena – Há vários formatos de atendimentos. Temos um grupo que funciona dentro de uma clínica de reprodução assistida, recebemos casais que estão iniciando o processo ou que já passaram e tiveram um resultado não satisfatório, e temos também casos de pacientes que vêm para atendimento individual, que pode ser terapia ou mesmo avaliação psiquiátrica. Nós atuamos também com os profissionais de reprodução, discutindo casos mais complexos que incluem, por exemplo, doação de gametas (quando usa óvulo ou espermatozoide de doador), útero de substituição (o que se chamava de barriga de aluguel), casos em que a concepção da criança foge do padrão entre outros. Nós damos suporte psicológico para esses casos.

IBSP – Como vocês perceberam a necessidade desse tipo de abordagem?
Milena – Quem fazia esse trabalho era a equipe da parte de reprodução assistida da clínica, mas, muitas vezes, falta um treinamento específico para cuidar dessa área emocional. Então, o casal ficava um pouco abandonado nesse sentido, ou só quando chegava a uma situação limite era feito esse encaminhamento. Agora, estamos propondo uma nova abordagem que é incluir a psicologia logo de início.

IBSP – Cuidar da parte emocional pode ajudar no resultado do tratamento propriamente dito?
Milena – Há pesquisas que afirmam que o lado emocional é um fator que também atrapalha a fertilidade. O lado emocional, sintomas de depressão, a ansiedade, são fatores que podem dificultar a concepção de uma criança. Percebemos que casais que fazem acompanhamento mantém o tratamento com mais sequência, não têm tanta desconfiança nos métodos, que é um sentimento muito comum nesses casos, além de aumentar até a aderência ao tratamento.

IBSP – Existe algum caso específico em que o cuidado psicológico foi essencial para o sucesso do tratamento?
Milena – Temos um caso de uma paciente que engravidou com um óvulo que não era dela. Durante o procedimento, isso não apareceu como uma questão muito importante, mas, quando o bebe nasceu, ela não conseguia amamentar o bebê. Fizemos o acompanhamento não só antes da gestação, mas durante e no pós-parto também. Ela precisou de um cuidado muito especial, porque achava que o filho não a reconhecia como mãe, já que o óvulo não era dela. Trabalhamos para conseguir desenvolver esse laço e, em alguns dias, ela conseguiu amamentar. Nós ficamos muito felizes com o resultado desse caso.

IBSP – O cuidado psicológico afeta também a segurança da gestante e do bebê?
Milena – Fazemos uma preparação com a paciente no sentido de aceitar os processos do tratamento, que, principalmente no caso da fertilização in vitro, é bastante invasivo para a mulher. O procedimento inclui aquelas injeções diárias, há também pacientes que sofrem por precisarem recorrer à reprodução assistida, e trabalhamos a para a mulher ver como uma oportunidade. Com isso, o que antes era uma coisa negativa, as injeções, por exemplo, ela passa a ver como algo positivo, como um procedimento que permite que ela alcance a gestação tão desejada. Acho que isso melhora a disposição para fazer o tratamento corretamente. Percebemos que as pacientes, muitas vezes, têm dificuldade de fazer as injeções, que para o médico é algo banal, comum. Até nessa parte bem técnica, bem prática, nós vimos necessidade de um apoio emocional. Já tivemos pacientes que fizeram o procedimento na nossa frente. Melhoramos o vínculo da equipe com o casal e, consequentemente, a segurança do tratamento.

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